COORDENADORES:
MARIA LUIZA GERMANO DE SOUZA (Universidade Federal do Amazonas)
RESUMO: Os temas e as representações sobre a infância são vários e se dão em múltiplos campos do conhecimento e suportes: cinema, música, pintura, gravuras, fotografias, literatura. Da arte pictórica, passando pelas narrativas dos contos de fadas e suas releituras, tenta-se captar o “sentimento da infância” construído historicamente. A concepção de infância tem sido resultado de lutas simbólicas mundo afora, ou seja, a infância de uma criança da cidade, do campo ou de uma comunidade indígena não é vivida da mesma maneira. Estudos de Philippe Ariès (2016) dão conta de que, até por volta do século XIV, não havia a ideia de infância como a conhecemos hoje. O modelo de infância, cujas bases são o amor, o afeto e a proteção, é representado na literatura e nas outras artes de muitas maneiras, a exemplo de Dois meninos jogando Bilbaquê, de Belmiro Almeida ou Meninos e piões, de Candido Portinari. Porém, ao contrário do sentimento de proteção, quando tratamos das infâncias de segmentos sociais menos privilegiados, como os negros e indígenas, essa configuração de infância assume a sua fluidez temática e passamos a lidar com aspectos, às vezes, cruéis de violência. Em livros como Infância, de Graciliano Ramos, em muitos contos de Conceição Evaristo e, mais recentemente, em Corpo desfeito, de Jarid Araes, são trazidas representações dessa violência. Neste simpósio, pode-se partir das seguintes perguntas norteadoras, para se analisar as possibilidades de desdobramentos do tema: na literatura e em outras artes, de que modo as nossas identidades são constituídas a partir do olhar dos sujeitos representados e as suas infâncias? Como a elaboração dessa categoria de análise nos conecta ao passado da constituição do povo brasileiro? Espera-se receber propostas que estabeleçam relações entre infância (s), literatura e outras artes enquanto forma de (re)pensar essa categoria em diálogo com outras áreas do conhecimento.
COORDENADORES:
Juciane Cavalheiro (Universidade do Estado do Amazonas - UEA)
Elaine Pereira Andreatta (Universidade do Estado do Amazonas - UEA)
RESUMO: Neste simpósio, temos como premissa que “o texto literário, ao possibilitar vivenciar experiências outras, em diferentes processos de criação de subjetividades, assume um compromisso ético e estético” com o ensino e a aprendizagem (Cavalheiro, 2024, p. 42). Ético no sentido de “corresponder a uma necessidade universal, que precisa ser satisfeita e cuja satisfação se constituiu um direito” (Candido, 2011, p. 177). Estético, por constituir a essência da compreensão da literatura, sobretudo a partir daquilo que marca a experiência humana (Cavalheiro, 2024), ou seja, a alteridade, o diálogo, a escuta, o conhecimento, o enfrentamento, a exotopia, pois “a princípio eu tomo consciência de mim através dos outros: deles eu recebo as palavras, as formas e a tonalidade para a formação da primeira noção de mim mesmo.” (Bakhtin, 2017, p. 30). Os letramentos críticos (Street, 2014) construídos por meio da leitura e da escrita mediada (Munita, 2024), compartilhada e dialógica, entendidos também como letramentos de (re)existência (Souza, 2011), constituem-se um grande desafio da educação em face da violência, da globalização, da economia, das relações de poder e das raízes profundas do colonialismo em nossa sociedade (Mignolo, 2003). Nessa perspectiva, a leitura da literatura, em espaços coletivos de partilha – clubes de leitura, círculos de leitura, rodas de leitura, dentre outras denominações – é essencial à formação de sujeitos críticos, ativos, provocando deslocamentos da realidade, confrontando as histórias contadas pelos livros com as suas próprias trajetórias (Petit, 2019), o que ratifica a importância da escrita e do diálogo no ato de confrontar as leituras diversas às suas próprias histórias e memórias, (re)elaborando constantemente subjetividades, pois são práticas que participam das experiências dos sujeitos (Palma; Andreatta, 2023; Bajour, 2012). Bakhtin nos aponta como um caminho a via da amorosidade, quando afirma: “Somente o amor pode ser esteticamente produtivo, somente em correlação com quem se ama é possível a plenitude da diversidade” (Bakhtin, 2010, p. 129). Há, portanto, uma necessidade social de sermos ouvidos, amparados para sabermos que somos sujeitos e que somos dignos de amor (Bauman, 2021). Diante disso, o simpósio “A literatura como um direito ético e estético” intenciona acolher trabalhos concluídos ou em andamento que lancem olhares à compreensão de leitura da literatura e da escrita/diálogo que provém desta vivência como direitos (Candido, 2014), que debatam a partir de práticas e perspectivas diversas. Destaca-se como possíveis abordagens, as que partem de: a) práticas de pesquisa, ensino e extensão encampadas pelas universidades na atuação junto à comunidade em busca de uma educação literária; b) relatos e pesquisas em torno de diferentes práticas de partilha e mediação de leitura, como clubes, rodas e círculos de leitura em espaços de educação formal e não formal; c) práticas de produção autobiográfica provenientes de exercícios como diários, memórias e registros diversos de leitura literária; d) discussões de leitura da literatura em busca de letramentos literário, incluindo propostas metodológicas, compreensões teóricas e análise de experiências; e) reflexões e pesquisas sobre o lugar da educação literária no currículo escolar; f) debates, pesquisas e práticas de mediação de leitura em bibliotecas escolares, públicas, comunitárias, bem como reflexões sobre políticas públicas de constituição de acervos. A proposta é produzir um espaço de troca e construção conjunta no que diz respeito a pesquisas e práticas que mobilizem debates sobre a educação literária, a mediação de leitura e a leitura da literatura nas suas múltiplas potencialidades, tanto a partir dos Estudos Literários quanto do campo da Linguística Aplicada, sem deixar de lado seu caráter trans e indisciplinar.
COORDENADORES:
Heliud Luis Maia Moura (UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARÁ)
AUXILIADOR JAIRO DE SOUSA (Secretaria Municipal de Educação - Altamira e Vitória do Xingu)
RESUMO: O objetivo deste simpósio é discutir do ponto de vista teórico-metodológico a oralidade enquanto espaço para a construção de sujeitos responsivos e interventivos em diferentes práticas sociais. Tomo como referencial conceitual as proposições de Bakhtin (1990, 2008, 2010, 2011, 2013, 2015, 2017); Bakhtin (Volochínov) (2014); Faraco (2009); Jakubinskij (2015); Kleiman ( 2001, 1993, 1995, 1989); Marcuschi ( 2008); Coutinho (2021); Preti (2020), para os quais a oralidade constitui um espaço pelo qual os indivíduos transitam na sociedade. A área temática central deste simpósio é a Análise do Discurso, especificamente, a Análise Dialógica do Discurso (ADD), tendo como centro de discussão as postulações de Bakhtin e do Círculo de Bakhtin. Convoca-se também para a discussão sobre a temática as concepções de pesquisadores como: Brait (1996, 2006); Sobral (2010, 2011); Fiorin ( 2003, 2004), nos quais a perspectiva dialogal constitui uma condição sine qua non para a intervenção dos diferentes sujeitos em diferentes práticas sociodiscursivas e sociointeracionais. Considerando os objetivos, aqui colocados, convoco pesquisadores, especificamente mestres, mestrandos e doutorandos, a darem sua contribuição para o campo da oralidade, precisamente no que concerne aos gêneros orais em mobilização em espaços dos quais se requer a intervenção de cidadãos analíticos, agentes construtores de transformações necessárias à sociedade. Para Marcuschi (2005), as atividades de oralidade são relevantes porque devem voltar-se para a preservação das práticas culturais mobilizadas nos contextos sócio-históricos específicos dos indivíduos que integram o espaço escolar. Enquanto prática cultural, a oralidade é uma forma de manifestação dos indivíduos, para a qual concorrem todo um conjunto de experiências e maneiras de ver a realidade dos segmentos e grupos a que pertencem tais indivíduos. Postulo, por outro âmbito, que a prática da oralidade não é somente um meio pelo qual os indivíduos dizem alguma coisa, mas um instrumento sociopolítico de construção das identidades integrantes do espaço escolar, que se expressam segundo os códigos sociais e culturais dos grupos a que pertencem.
COORDENADORES:
Michele Calil dos Santos Alves (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro)
RESUMO: O simpósio objetiva dar visibilidade ao que tem sido feito em âmbito nacional na área de Aquisição e Processamento Linguístico. Para isso, pretende-se agrupar trabalhos que versem sobre o processamento linguístico e aquisição de línguas nos vários níveis de descrição estrutural e/ou suas interfaces. Assim, serão aceitos trabalhos que foquem a aquisição e/ou o processamento de informação fonético-fonológica, modelos de léxico mental e teorias de acesso e representação lexical, modelos e teorias que contemplem o componente sintático da gramática, e o processamento de informação de cunho semântico e pragmático. Serão considerados trabalhos que abordem essas questões a partir de temas relacionados ao processamento de linguagem em adultos, à aquisição da linguagem, ao processamento linguístico por sujeitos com algum tipo de transtorno da linguagem, e aos fenômenos relacionados ao processamento linguístico em bilíngues. Convidam-se, especialmente, submissões que se situem na interface entre a Psicolinguística e a Educação, em particular no que se refere ao modo como a Psicolinguística pode auxiliar a compreensão dos processos de leitura e escrita, dificuldades de aprendizagem linguística e ensino de gramática. Independente da perspectiva teórica adotada para tratar dos temas relacionados, os trabalhos devem assumir, preferencialmente, algum tipo de metodologia experimental de investigação. Além disso, espera-se a participação de pesquisadores que possam prover insights sobre a aquisição e o processamento linguístico advindos de áreas afins, como a Psicologia Cognitiva e a Neurociência da Linguagem.
COORDENADORES:
Francisco Bento da Silva (Universidade Federal do Acre)
Gerson Rodrigues de Albuquerque (Universidade Federal do Acre)
Fernando Simplício dos Santos (Universidade Federal de Rondônia/Universidade Federal do Acre)
Márcio Araújo de Melo (Universidade Federal do Norte do Tocantins)
RESUMO: Este ST visa congregar trabalhos de pesquisas cujo focos e abordagens estejam voltados para discutir processos de vivencias e de habitabilidades nas amazônias e as representações em torno dos modos de vidas dos múltiplos sujeitos, reais ou ficcionais, que nelas vivem ou que por elas se desloca(ra)m em movimentos repentinos ou duradouros. Pensar estes lugares reais e idealizados nas suas dimensões históricas, literárias, geográficas, mitológicas, artísticas, culturais, arquitetônicas e patrimoniais. Os lugares, em especial as cidades nas amazônias, se formam inicialmente atravessados por valores regrados pelas leis ou pelos costumes em que muitas vezes estes últimos entram em conflitos com as normas constituídas emanadas da idealização de cidades eurocêntricas. Daí resulta(ra)m múltiplas narrativas acerca de determinados de homens e mulheres, agentes não-humanos (plantas, animais, aguas, clima, deuses, mitos); crianças e adultos; negros, mestiços, brancos e indígenas; identidades de gêneros; pessoas vistas como inadequadas/atrasadas e que muitas vezes irão contrastar com os lugares idealizados/pensados/narrados pelos administradores públicos, intelectuais/técnicos (engenheiros, urbanistas, arquitetos, médicos, juristas, escritores, jornalistas) e suas elites. Comportamentos vistos como desviantes passam a ser repreendidos por códigos e leis escritas e não escritas como crimes, contravenções, atentados à honra e aos bons costumes, desviantes ao ideal de bom gosto e às estéticas valorizadas como superiores em um determinado tempo e lugar. Também se buscará pensar as questões relacionadas aos patrimônios históricos; as memórias coletivas e individuais; as historicidades narradas; as toponímias dos lugares e da cultura nos espaços das cidades, mundos rurais, aquáticos e florestais. Discutirá ainda questões relacionadas à natureza e o mundo rural/florestal, vistos geralmente como antagônicos ao que é citadino, calcado no discurso da civilidade e do progresso humano. Nesta direção, buscará proporcionar debates sobre os animais, os rios e as florestas amazônicas e suas relações com os espaços urbanos e as pessoas que vive(ra)m e seu entorno estabelecendo relações cotidianas e extra cotidianas com o todo envolvente.
COORDENADORES:
Amilton José Freire de Queiroz (Universidade Federal do Acre)
EZILDA MACIEL DA SILVA (UFPA)
RESUMO: O simpósio pretende estabelecer diálogos sobre a literatura comparada como zona de fricção das/nas Amazônias, mapeando seus mundos multiversos, os territórios transfronteiriços e as alteridades rizomáticas. Estudar, pesquisar e discutir as Amazônias é desenvolver hipóteses sobre “Comparar? Aproximar? Dialogar? Friccionar” (CASA NOVA, 2008). Sendo assim, o simpósio parte das seguintes questões: como os(as) narradores(as) amazônicos configuram o diálogo entre culturas, literaturas, linguagens e humanidades nos séculos XX e XXI? Que papel exercem as estéticas do deslocamento nas trocas e transferências culturais, linguísticas, éticas? Como os conhecimentos da teoria, crítica e comparatismo, desde as Amazônias, podem ser articulados às correntes teóricas como os estudos culturais, pós-coloniais, decoloniais e geoculturais? Como interpretar textualidades que têm representado alteridades desviantes e suscitado novas formas de compreensão da literatura, sociedade e cultura das Amazônias em clave rizomática? Como abordar romances, contos, crônicas, produções cinematográficas, artes plásticas que, em certa medida, vão na contramão da busca da identidade nacional-local? Que espaços as textualidades multiversas têm ocupado na cena crítico-teórico-comparatista das-nas Amazônias? A partir desses questionamentos, o simpósio procurará ser um lugar para reconhecer que “a literatura comparada sempre teve como objeto produtos literários, e por extensão culturais, distintos, caracterizando-se como o estudo dos contatos, trocas, intercâmbios e embates entre tais produtos”, para irmos na direção de Eduardo Coutinho (2010, p. 218). Mais ainda, o simpósio constitui um espaço de “reterritorialização e rehistoricização” de vozes, olhares, memórias e línguas perspectivadas “contrastivamente com as textualidades emergentes de múltiplas formações sociais” (2022, p.407). Espera-se, pois, tecer uma rede de confluências e contrapontos que permita ampliar a perspectiva da literatura comparada como zona de fricção das Amazônias, problematizando, por conseguinte, os mundos multiversos, os territórios transfronteiriços e as alteridades rizomáticas das Amazônias neste V GENORTE, sediado na Universidade Federa do Pará, em Belém.
COORDENADORES:
Márcia Cristina Greco Ohuschi (Universidade Federal do Pará)
Angela Francine Fuza (Universidade Federal do Tocantins)
RESUMO: Este Simpósio agrupa trabalhos fundamentados na teoria dialógica desenvolvida pelo Círculo de Bakhtin (Volóchinov, 2019 [1926]; Volóchinov, 2017[1929]; Bakhtin, 1988 [1975]; Bakhtin, 2003[1979]; Medviédev, 2016 [1928]), que concebe a linguagem como social, histórica, cultural, valorativa e ideológica, voltada às interações discursivas engendradas às relações sociais. Nesse viés, considera-se que, no jogo vivo de linguagem humana, os discursos são transpassados por valores sociais, projeções ideológicas, apreciações sobre as relações humanas e sobre o modo como o sujeito e o grupo social se marca e se posta no mundo. Desse modo, à luz da Linguística Aplicada, sob a baliza de pressupostos teórico-metodológicos do dialogismo, busca-se abarcar as contribuições de pesquisadoras e pesquisadores que se debruçam, sobretudo, no contexto da Amazônia: a) às análises discursivas de enunciados; b) às prospecções/propostas de atividades de ensino voltadas à compreensão das práticas de linguagem (oralidade, leitura, escrita/reescrita e análise linguística/semiótica); c) aos resultados de implementação de propostas, em situação de ensino e aprendizagem nos diferentes níveis, espaços e modalidades de ensino; d) às discussões sobre os documentos oficiais e/ou sobre os materiais didáticos; e) à formação docente inicial e/ou continuada. Assim, espera-se que o Simpósio se constitua num cronotopo de diálogos democráticos, responsáveis e éticos, compromissados com a vida social, com o ensino e com o desenvolvimento científico do campo da Linguagem na região Norte.
COORDENADORES:
Luiza Helena Oliveira da Silva (Universidade Federal Fluminense)
Jacielle da Silva Santos (Secretaria Estadual de Educação)
ÉRICA DE CÁSSIA MAIA FERREIRA (UNIVERSIDADE FEDERAL DO NORTE DO TOCANTINS)
RESUMO: Este simpósio propõe reunir pesquisadores de diferentes abordagens teóricas do discurso cujo corpus de análise remeta ao Norte, seja porque seus autores vivam no Norte e se assumam como tal, a partir de diferentes escolhas enunciativas projetadas no texto que concorrem para a confirmação de uma noção de pertencimento, sendo a região assumida discursivamente como seu “lugar”; sejam os que escrevem sobre o Norte, a partir de um enunciador que fala “de dentro” desse território, ainda que não necessariamente tomado como “seu”; sejam aqueles que, “de fora”, atribuem sentidos ao Norte, reiterando ou negando estereótipos que remetem a um discurso fundador (Orlandi, 1993), a um figuratividade fundadora (Teixeira, 2000), a uma memória discursiva, a um imaginário. Isso implica considerar textos de cunho literário, publicitário, político, produções verbais e/ou visuais da Inteligência Artificial, dentre várias outras possibilidades, a partir das pesquisas em desenvolvimento e filiações ao vasto campo do discurso. Nessa perspectiva teoricamente mais plural e polifônica, buscamos favorecer a identificação de confluências e dissenções na produção de sentidos e abordagens teóricas, partindo do pressuposto de que o território adquire papel central nas narrativas nas e sobre as muitas Amazônias. Interessam-nos, pois, mais de perto, trabalhos atravessados por categorias como as de espaço, território, lugar e/ou fronteira emergentes da pluralidade de enunciações que tematizam a região, sempre em disputa de narrativas e sentidos (Silva; Silva, 2024; Mibielli et al, 2018; Tupiassú, 2005).
COORDENADORES:
Angela Fabiola Alves Chagas (Universidade Federal do Pará)
EDUARDO ALVES VASCONCELOS (Universidade Federal do Amapá)
RESUMO: A extinção de línguas indígenas vem crescendo numa velocidade cada vez maior e pode ser causada por diversos fatores como: baixo índice de transmissão intergeracional; baixo prestígio social da língua entre seus falantes, o que por vezes leva-os ao abandono da língua tradicional em favor de uma politicamente dominante; epidemias que assolam comunidades inteiras levando à morte os falantes; dentre outros. Segundo o IPHAN (2020), considerando dados do Atlas of the World’s Languages in Danger (Unesco, 2010), “estima-se que entre um terço e metade das línguas ainda faladas no mundo estarão extintas até o ano de 2050”. Mori (2020), citando o Atlas das Línguas em Perigo (Unesco, 2017), explica que “o Brasil é o segundo país com mais línguas em situação crítica, ficando atrás somente dos Estados Unidos”. Dada a urgência de intervenção qualificada no processo de perda linguística que afeta populações minoritárias em todo o mundo e a consequente necessidade de documentação das línguas sujeitas ao perigo de extinção para sua salvaguarda é que inúmeros linguistas têm, nas últimas décadas, desenvolvido uma série de ações em prol da documentação e da revitalização linguística. Para Moore et al (2008), uma das principais formas de documentar línguas é através da gravação audiovisual de amostras dessas línguas, que registram diferentes gêneros textuais produzidos pela população falante (discursos cerimoniais, cantos, narrativas históricas, textos procedurais, diálogos etc.). Considerando que o grande mérito de um projeto de documentação linguística é o uso desses registros para a tentativa de revitalização ou manutenção do idioma, este simpósio temático busca reunir trabalhos de pesquisadores indígenas ou não indígenas que descrevam iniciativas (finalizadas ou em andamento) de documentação linguística, especialmente aquelas de base comunitária, cujos desdobramentos contribuam para manutenção e/ou revitalização linguística, numa tentativa de reverter ou retardar o processo de perda linguística por parte de comunidades indígenas minoritárias.
COORDENADORES:
Francisco Edviges Albuquerque (Universidade Federal do Norte do Tocantins)
Danielle Mastelari Levorato (Universidade Federal do Norte do Tocantins)
RESUMO: Segundo os princípios básicos da sociedade indígenas, a primeira orientação dos sábios está voltada para ancestralidade e para a caracterização do paradigma da diversidade aspectos educacionais voltados para os princípios de manutenção da língua e da cultura. Com base nessa premissa, o acesso à educação indígena e a educação escolar indígena e à comunicação, é de rigor o desenvolvimento de estratégias bilíngues de transição para a sociedade não indígena. Na fala do sábio e líder Dodanin Krahô: “nosso povo possui duas escolas e duas formas de educação. Aquela que acontece na Escola Viva, que é o Pátio, onde acontece todas as formas de repasses de saberes ancestrais, que não reprova, mas que obriga a presença das crianças e jovens, participarem todos os dias, tardes ou noites. Já a escola não viva, que é imposta pelos não indígenas, que é feita de tijolos. Essa sim reprova por falta e por não fazerem os trabalhos. Mas como estas duas escolas estão dentro da aldeia, elas estão juntas e presentes”. Dessa forma o presente Simpósio Temático possui vistas à educação indígena, educação escolar Indígena, ancestralidade, cosmologia, línguas e linguística indígenas, culturas indígenas, poesia e literatura indígena, história dos povos indígenas, direitos indígenas e direitos humanos indígenas, além de outros temas correlatos.
COORDENADORES:
Lucia Maria de Assis (UFF/UFNT)
Alexandre Batista da Silva (Universidade do Estado do Rio de Janeiro)
RESUMO: Partindo da visão consagrada por Mikhail Bakhtin de que os gêneros textuais/discursivos são tipos relativamente estáveis de enunciados, os quais são marcados sócio-historicamente, além de serem dotados de estrutura composicional, conteúdo temático e estilo (Bakhtin, 2011), neste simpósio, aceitam-se trabalhos que se dediquem à investigação das características que compõem diferentes gêneros que circulam, com frequência, na educação básica, a exemplo do que ocorre com histórias em quadrinhos, charges, cartuns, tirinhas, crônicas, contos, cordéis, romances, entre outros. Espera-se receber propostas que, em suas análises, contemplem os fatores de textualidade (coerência, coesão, intencionalidade, aceitabilidade, informatividade, situacionalidade e intertextualidade), e também fenômenos como intergenericidade, multimodalidade e hipertextualidade, conforme apontados por Cavalcante (2012); Cavalcante e Brito (2022). Serão igualmente bem recebidas aquelas propostas que discutam a relação existente entre oralidade e escrita na composição desses e outros diferentes gêneros, como já proposto por Marcuschi (2001 e 2008). Almeja-se, portanto, que as discussões se fundamentem principal, mas não exclusivamente, nas perspectivas teóricas da Linguística de Texto, da Análise da Conversação, do Dialogismo bakhtininiano e estabeleçam relação com o ensino de leitura e produção textual nos diferentes níveis de ensino ao abordar como as características e os fenômenos apontados colaboram para a construção de sentido do texto.
COORDENADORES:
Antonio Almir Silva Gomes (Universidade Federal do Pará)
ANA PAULA BARROS BRANDÃO (UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ)
RESUMO: A Educação Escolar Indígena (EEI) no Brasil assume para si, do ponto de vista legal, características / naturezas próprias (Constituição Federal, 1988). Como efeito, se costuma pensar tal sistema de um ponto de vista em que as línguas, as ciências, os conhecimentos e cosmovisões das populações atendidas estejam presentes e ocupem lugar de destaque, o que, de certa forma, é contrastado por distintas realidades espalhadas pelo país, que apontam para caminhos ainda em fase inicial de construção de estratégias, de metodologias e de materiais capazes de potencializar o mesmo sistema nos termos mencionados (Gomes, 2019). Incluem-se nestas realidades a produção de material didático-pedagógico, as discussões acerca da forma de geração dos conteúdos e de sua presença na sala de aula (Silva e Brandão, 2024). Numa perspectiva empírica de que, por diferentes atores, muito está sendo feito e pensado no Brasil a fim potencializar a EEI a partir de suas próprias populações, o simpósio temático Ensino de Línguas em Contexto Indígena (ELCIND) se propõe e acolhe discussões relacionadas a ações adotadas na e para a sala de aula de línguas no contexto das escolas indígenas. Não exclusivamente, são bem-vindas propostas de comunicação que discutam produção de fontes de informações sobre as línguas indígenas com escopo no ensino, assim como a produção de materiais derivados de documentação linguística, de formação de professores indígenas, de discussões sobre o papel, a forma e a presença do Português Brasileiro, das línguas estrangeiras, dos contatos linguísticos, da própria língua indígena em sua relação com outras línguas indígenas. Com o simpósio temático, se pretende um panorama atual de ações imbricadas no Ensino de Línguas em Contexto Indígena brasileiro. A considerar a característica descrita do simpósio temático, são acolhidos trabalhos produzidos nos domínios da Linguística e/ou da Linguística Aplicada.
COORDENADORES:
João de Deus Leite (Universidade Federal do Norte do Tocantins)
Janete Silva dos Santos (Universidade Federal do Norte do Tocantins)
NILSA BRITO RIBEIRO (Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará)
RESUMO: Neste simpósio temático (ST), estamos interessados nas potencialidades que os estudos enunciativos e discursivos, em suas diferentes acepções teóricas e analíticas, oportunizam para as nossas pesquisas acadêmicas na região Norte do Brasil. Assim, buscamos reunir pesquisadores de diferentes instituições dessa região, com o compromisso de tematizar as suas filiações teórico-analíticas, apresentando novas questões, novas interfaces e novas materialidades no campo enunciativo e discursivo. Partimos de um fundamento comum a esses campos, que é a perspectiva de linguagem e de língua, como prática social, em que os sujeitos e os sentidos são socio-historicamente determinados, embora haja, entre essas abordagens, limites e especificidades (AUTHIER-REVUZ, 1982; BAKHTIN, 1929; PÊCHEUX, 1997 e 2002; FOUCAULT, 1996). Criar espaço para as diferentes abordagens, no âmbito desses campos, mostra-se produtivo na justa medida em que a interioridade e a exterioridade de cada um fazem trabalhar processos de filiação, ao mesmo tempo, comuns e singulares. Daí o fato de ser relevante observar o desenvolvimento de pesquisas acadêmicas tanto no campo que praticamos, como também em outros campos teóricos e analíticos, já que o exercício do contraponto epistemológico funda horizontes. Os trabalhos poderão estar inscritos em um dos seguintes eixos temáticos: 1) Práticas discursivas escolares e universitárias na Amazônia Legal sob o viés enunciativo e discursivo. 2) Funcionamento do discurso midiático, do discurso publicitário e do discurso jornalístico em diferentes “corpora” na Amazônia Legal. 3) Arquivo, Enunciação e Discurso: disputas de sentidos na Amazônia Legal.
COORDENADORES:
Elanir França Carvalho (Universidade Federal do Pará)
RESUMO: O simpósio propõe a discussão de narrativas literárias abrigadas sob o hiperônimo “escritas de si”, dentre as quais estão biografia, autobiografia, autoficção, diário, jornal pessoal, testemunho, autorretrato, cartas e outras formas ou pseudoformas confessionais. Desta maneira, convidamos pesquisadores que se dedicam a estudos acadêmicos voltados ao escopo dessa natureza narrativa a apresentar trabalhos, abordando tanto aspectos formais quanto temáticos das obras. Objetivamos congregar estudiosos de literatura e áreas afins visando a promover o debate desse campo de investigação acerca das várias manifestações da escrita de si, bem como de conteúdos abordados nessas formas, em consonância com seus contextos culturais de produção. Almejamos, assim, construir uma reflexão teórica que contemple a diversidade das produções que se inserem nessa proposta. Compõem esse panorama produções que tensionem os limites e as relações entre o real e o ficcional, revisitando experiências diversas de representação de si, do outro e seus diálogos com a História, a memória, dentre outros. As abordagens podem contemplar as mais diversas perspectivas e vieses dos estudos literários. Desejamos também vivenciar experiências heterogêneas e plurais articulando diferenças tanto em termos de percurso conceitual quanto de escolhas formais na construção da subjetividade plasmada em diferentes narrativas literárias.
COORDENADORES:
Simone Cristina Mendonça (Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará)
Esequiel Gomes da Silva (Universidade Federal do Pará)
RESUMO: No século XIX, apesar da consciência feminina acerca do espaço reduzido de que dispunham no cenário das Letras, dominado pela classe masculina, houve muitas mulheres que se utilizaram da escrita, em diversos gêneros literários, seja para produzir textos de entretenimento, seja para denunciar as injustiças sociais e a subalternidade imposta a elas. Contudo, poucas alcançaram reconhecimento. No que se refere ao século XX, a situação persiste. Constância Lima Duarte (2012) nos lembra de que para a tão importante Semana de Arte Moderna, por exemplo, as escritoras não foram convidadas: “Não que não tivéssemos escritoras naquele tempo” (p. 335). A presença feminina no grande evento ficou restrita a nomes como Anita Malfatti e Zina Aita, representantes das artes plásticas, e Guiomar Novais, na música. Do mundo das letras, para citarmos ao menos um nome, ficou esquecida a intelectual Júlia Lopes de Almeida, que à época já havia publicado oito romances, além de coletâneas de contos destinados ao público infanto-juvenil. Aliás, a autora já havia sido preterida por seus pares, quando da fundação da Academia Brasileira de Letras, instituição que levaria 80 anos para eleger uma mulher como imortal: a cearense Rachel de Queiroz, em 1977, década simbólica, que marca também o surgimento da Crítica Feminista, dando início a uma mudança de cenário em relação à invisibilidade das mulheres, seja na literatura, como Ercília Nogueira Cobra, Carmen Dolores, Gilka Machado, seja nas esferas sociais e políticas, como Bertha Lutz e Leolinda Daltro. Dito isto, por partilharmos da ideia de que, mesmo após cerca de quarenta anos, muito ainda há para ser re(visitado) nos escritos produzidos por mulheres no Brasil, bem como nas informações sobre suas atuações econômicas e sociais, o interesse deste simpósio está no estudo sobre produção intelectual de brasileiras escritoras do século XIX e de meados do XX.
COORDENADORES:
Ana Claudia Castiglioni (Universidade Federal do Norte do Tocantins)
karylleila dos Santos Andrade Klinger (Universidada de Sao Paulo)
Carmen Lúcia Reis Rodrigues (Universidade Paris VII)
RESUMO: A Lexicologia, ciência que estuda o universo de todas as palavras de uma língua, ocupa-se do estudo do componente lexical geral, enquanto a Terminologia que, embora estabeleça relação com a Lexicologia privilegia o estudo do componente lexical especializado. Os estudos da primeira abrangem todo o léxico de uma língua, os vinculados à segunda enfocam os termos especializados de áreas profissionais e especiais. O papel de subsidiar a elaboração de dicionários é destinado à Lexicografia e à Terminografia, áreas que devem estar em contato com as outras ciências da linguagem, já que são disciplinas que se encarregam dos problemas teóricos e práticos da produção de dicionários. Estas ciências contemplam uma teoria geral, que cuida da investigação crítica acerca dos dicionários, e uma dimensão prática, que orienta a confecção de dicionários propriamente ditos. A outra área que se dedica ao léxico é a Onomástica, que tem como objeto de estudo os nomes próprios. Ela se subdivide em Toponímia, estudo dos nomes de lugares, e Antroponímia, estudo dos nomes de pessoas. Sob o viés da Onomástica é possível conhecer, registrar e analisar, dentre outros, a motivação semântica, a etimologia e a morfologia da nomeação de lugares e de pessoas. Este Simpósio Temático tem como objetivo divulgar e socializar as pesquisas relacionadas ao léxico da língua realizadas, sob a base teórica das áreas descritas, desenvolvidas, sobretudo, na região que compreende a Amazônia Legal em território brasileiro, no que diz respeito à produção de vocabulários, glossários, materiais didáticos e pedagógicos, além de contribuições teóricas e metodológicas que tenham como eixo norteador as disciplinas que compreendem as Ciências do Léxico.
COORDENADORES:
Ronaldo Nogueira de Moraes (Universidade Federal do Pará)
Maria Rilda Alves da Silva Martins (Universidade Federal do Pará - Campus Belém)
RESUMO: A Geossociolinguística, termo criado e cunhado por Razky (1998) no âmbito do Projeto Atlas Geossociolinguístico do Pará, configura-se como uma metodologia de coleta, descrição e análise linguística, que conjuga as técnicas da Sociolinguística Variacionista (Labov, 2008 [1972], 2001) com as da Geolinguística contemporânea (Cardoso, 2010). Essa nova forma de lidar com os fenômenos linguístico do português brasileiro foi necessária para, segundo Razky (2010), compensar os limites da Sociolinguística Variacionista – que se detém na dimensão social e local – e da Geolinguística – que se detém no aspecto espacial com uma estratificação social mínima. Assim, a Metodologia Geossociolinguística (Lima; Razky; Oliveira, 2020) permite mapear a variabilidade de português brasileiro – e de qualquer outra língua natural –, proporcionando melhor compreensão dos fenômenos variáveis das línguas. Assim, este Simpósio tem como objetivo reunir investigações que abordam a variação geossociolinguística levadas a cabo, sobretudo, na Amazônia brasileira, a fim de tentar fazer uma fotografia geossociolinguística do português falado na Região Norte do Brasil. Objetiva, ainda, promover discussões em torno da variação e da mudança, sob uma perspectiva mais ampla, de modo a englobar pesquisas vinculadas às diferentes ondas da Sociolinguística. Neste ST serão aceitos trabalhos que tratem a variação geossociolinguística de fenômenos lexicais, fonológicos, morfológicos, sintáticos, semânticos e discursivos. Com este propósito, convidamos estudantes de graduação e de pós-graduação, professores-pesquisadores, bem como demais interessados, para participar das reflexões e socialização de conhecimentos que contribuam para o desenvolvimento da temática apresentada.
COORDENADORES:
Jeniffer Yara Jesus da Silva (Universidade Estadual do Amapá)
RESUMO: O estudo das fontes primárias e a análise da circulação de textos divulgados e publicados nelas são fundamentais para a compreensão da história literária brasileira, pois permitem perceber as dinâmicas de produção, recepção e disseminação de diferentes autorias para além do cânone nacional. As fontes primárias, que englobam manuscritos, primeiras edições, correspondências, jornais, revistas, oferecem novas perspectivas sobre as práticas literárias e culturais em determinados momentos históricos, assim, profundamente arraigada na História, o estudo literário a partir das fontes primárias responde questionamentos e dúvidas atuais sobre processos de marginalização, censura e/ou apagamento de autorias. Nos estudos literários brasileiros, autores como Antonio Candido (1964), Regina Zilberman e Marisa Lajolo (2020), e Márcia Abreu (2003) destacam a importância de se considerar os contextos socioculturais e os canais de circulação dos textos para compreender as dinâmicas de produção literária, portanto, trabalhos que envolvam este tipo de análise refletem como ocorreram e ainda ocorrem processos importantes na legitimação do que é ou não é considerado Literatura, além de revelar políticas editoriais que influenciam o lugar da Literatura brasileira no cenário global. Este simpósio, portanto, busca discutir essas questões e oferecer reflexões críticas sobre a importância de se considerar as fontes primárias e a circulação de textos como elementos-chave na construção de novas histórias literárias brasileira. Portanto, trabalhos que abordem a circulação de crítica literária, autores à margem do cânone brasileiro, resgate de autorias, entre outros estudos que envolvam a recepção e a circulação de produções literárias no Brasil em fontes primárias serão aceitos para integrar este simpósio.
COORDENADORES:
Maysa de Pádua Teixeira Paulinelli (Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará)
Vicente Aguimar Parreiras (CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS)
RESUMO: Este simpósio tem como objetivo discutir a relação entre gêneros textuais jurídicos, letramentos e a violência de gênero, com ênfase na interpretação de processos judiciais de feminicídio. A análise linguístico-discursiva de peças processuais e demais documentos jurídicos permite compreender como esses textos estruturam narrativas, constroem significados e influenciam a percepção social sobre a violência contra a mulher. Além de evidenciar os mecanismos discursivos presentes no domínio jurídico, a proposta busca explorar o potencial pedagógico desses gêneros textuais, promovendo ações de conscientização e enfrentamento da violência de gênero no contexto educacional. A fundamentação teórica da proposta se ancora nos estudos de gênero, feminismo e direitos humanos, dialogando com as Teorias do Texto e do Discurso para investigar as estruturas argumentativas e narrativas que permeiam os processos judiciais. A análise linguístico-discursiva de depoimentos, peças investigatórias, argumentos da defesa e da acusação, bem como das decisões judiciais, possibilita examinar como os discursos sobre o feminicídio são construídos, legitimados e disputados no âmbito jurídico. Com um recorte geográfico situado na Amazônia, especificamente no município de Marabá/PA, a pesquisa adota uma abordagem interseccional, considerando as especificidades sociais, culturais e históricas da região. A proposta também se dedica a pensar estratégias pedagógicas para a utilização de textos jurídicos no ensino, visando a promoção do letramento crítico e a sensibilização de estudantes do Ensino Básico para a temática da violência de gênero. Oficinas, minicursos, rodas de conversa e atividades teatrais são algumas das metodologias propostas para aproximar os alunos da leitura e interpretação de documentos jurídicos, estimulando a reflexão sobre direitos humanos e equidade de gênero. Dessa forma, o simpósio articula a análise textual e discursiva com práticas educativas, fomentando o debate sobre o papel da linguagem na formulação de políticas públicas e no enfrentamento da violência contra a mulher.
COORDENADORES:
Viviane Cristina Oliveira (Universidade Federal do Tocantins)
Fabíola Guimarães Pedras Mourthé (CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLOGICA DE MINAS GERAIS)
RESUMO: Diante do afloramento de uma nova consciência histórica que evidencia as lacunas deixadas pela História Positivista, o que será adensado pelo surgimento de movimentos artísticos e culturais ao longo do século XX, percebe-se um forte engajamento do discurso literário em prol de cotejar o passado como elemento central em suas narrativas. Assim, por meio de narrativas que contemplam tanto o passado quanto o presente, a Literatura brasileira contemporânea passa a trazer à tona sujeitos e discursos com versões outras dos fatos, que estiveram submersos nos escombros dos silêncios e postos sob as ruínas dos registros modelares do imaginário ocidental. Trata-se da representação de sujeitos historicamente subalternizados que passam a ocupar as páginas literárias para expressar-se e projetar-se social e historicamente por via de uma retomada não nostálgica do passado e uma reflexão crítica sobre o presente. Deste modo, nota-se na Literatura Brasileira a existência expressiva de uma produção ficcional que revela personagens que não se encaixam nos padrões hegemônicos pré-estabelecidos por uma normatização patriarcal, branca, falocêntrica e heteronormativa. São ficções muitas vezes construídas através de mecanismos discursivos como a paródia e o pastiche, que atestam, por exemplo, a falta de neutralidade do discurso histórico e a forma como os fenômenos históricos podem ser alterados ou mesmo falseados pela linguagem. Estas narrativas são muito próprias de um cenário pós-moderno de questionamento dos sistemas totalizantes, além de caracterizadas por uma forte autorreflexividade responsável por indiciar as potencialidades da literatura enquanto “discurso desestabilizador e contraditório” (DALCASTAGNÈ, 2012, p. 47). Ao mesmo tempo, possuem referências evidentes a eventos e personagens históricos, utilizando-se, muitas vezes, da presença do passado para questioná-lo e reanalisá-lo. Assim, o presente Simpósio se propõe a discutir a produção de narrativas ficcionais dentro da Literatura Brasileira que trazem em seu bojo personagens subalternos cuja alteridade foi silenciada tanto no decorrer a história quanto no presente do País, sejam elas mulheres, negros, homossexuais, indígenas etc. Por via dessas ficções tanto históricas quanto centradas no momento atual, busca-se discutir, entre outros aspectos, como a narrativa literária é capaz de construir versões discursivas que descontroem simbolicamente o passado da nação ao se mostrarem historicamente e politicamente críticas e conscientes sobre como esse passado reverbera na realidade vigente.
COORDENADORES:
Carlene Ferreira Nunes Salvador (Universidade Federal Rural da Amazônia)
ELIANE OLIVEIRA DA COSTA (SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO/FACULDADE CATÓLICA DE BELÉM)
RESUMO: Resumo: As ciências do léxico englobam a Lexicologia, a Terminologia, a Fraseologia assim como o campo da Toponímia e da Onomástica. Além da vertente teórica dessas áreas, uma face aplicada abrange uma gama de investigações sob o foco da elaboração de repertórios lexicais, quais sejam: a Lexicografia, a Terminografia e a Fraseografia. O léxico também pode ser estudado sob a perspectiva da variação linguística, o que envolve trabalhos na área de Dialetologia e Geossociolinguística. Sob a perspectiva desses campos de atuação, o objetivo deste simpósio consiste em reunir a diversidade de pesquisas finalizadas e/ou andamento que abordam temáticas envolvendo o léxico e suas interfaces, o que inclui, léxico e ensino, léxico e discurso, léxico e Linguística de corpus, produção de glossários e dicionários, cartilhas lexicais, léxico e variação linguística, dentre outros. Para tanto, o aporte teórico das discussões considera Biderman (1978, 2001), Polguère (2018), Krieger e Finatto (2004), Gross (1982, 1988), Mejri (1997, 2012), Cardoso (2009, 2010), Razky (1998, 2010), Lima, Razky e Oliveira (2020) Thun (1998). A metodologia do simpósio inclui a apresentação e a promoção da discussão acerca do léxico em interface a partir dos trabalhos previamente selecionados. Espera-se como resultado a participação de pesquisadores que buscam socializar e promover o conhecimento lexical em diferentes perspectivas. Esse tipo de atividade, ao mesmo tempo que valoriza as pesquisas locais, fortalece a aproximação de pesquisadores dos diversos centros de ensino e pesquisa localizados pelo Brasil. Por fim, o simpósio pretende o diálogo com áreas em que o componente lexical é relevante, mesmo que não seja central.
COORDENADORES:
Bruno Gonçalves Carneiro (Universidade Federal do Tocantins)
RESUMO: Os surdos brasileiros vivenciam conquistas importantes na legislação que caminham rumo à legitimação da diferença surda e, consequentemente, da língua brasileira de sinais enquanto uma das línguas do país, que passa a circular de maneira cada vez mais robusta em espaços dos mais diversos e a permear produtos e serviços que envolvem o comportamento humano. Dentre os ganhos, mencionamos a inserção da Educação Bilíngue de Surdos em libras como primeira língua e em português como segunda língua enquanto modalidade de ensino na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Nesse sentido, há uma demanda urgente para a implementação de um planejamento linguístico que envolve uma educação em libras enquanto língua de instrução, o ensino de libras como primeira língua, o ensino de português como segunda língua e, sobretudo, a consolidação de diretrizes educacionais alicerçada em epistemologias surdas. Vemos também a inserção da disciplina de libras como língua adicional na educação básica e a consolidação de pesquisas descritivas da língua brasileira de sinais em diferentes perspectivas teórico-metodológicas, principalmente protagonizadas por pesquisadores surdos. Este Simpósio Temático tem como objetivo divulgar e socializar as pesquisas relacionadas à educação de surdos e à linguística da libras que estão sendo realizadas na Região Norte do país. Os trabalhos a serem submetidos devem contemplar uma das seguintes áreas: estudos descritivos da língua brasileira de sinais, bem como de línguas de sinais minoritárias em diferentes níveis de análise linguística; ensino de línguas para surdos; políticas linguísticas e educação bilíngue; ensino de libras como segunda língua; estudos linguístico-antropológicos envolvendo os surdos; e tradução e interpretação envolvendo línguas de sinais.
COORDENADORES:
Moema de Souza Esmeraldo (Universidade Federal de Roraima)
Maria da Glória de Castro Azevedo (Universidade Federal do Tocantins)
RESUMO: Pretendemos promover discussões sobre a prática de leitura literária na educação básica e no ensino superior, bem como refletir sobre dos estudos de letramento literário para a formação de professores. Trata-se de articular propostas teórico metodológicas sobre o ensino de literatura e a formação de leitores de literatura na Educação Básica e a importância desse debate para formação de professores na na região norte do país. O percurso metodológico prpposto visa apresentar conceitos, discussões teóricas e atividades de letramento literário a partir das propostas de oficinas e de mediação literária por meio de “Círculos de leitura”, Rido Cosson (2018). Pretendemos, desse modo, relacionar o caráter educativo e formador da personalidade humana com a necessidade de estabelecer práticas pedagógicas que envolvam o ensino de literatura aliado à leitura literária. Para tanto, reconhecemos a literatura, como preconizada por Candido (2011), uma necessidade universal, um saber singular que contribui para o processo de humanização e, por conta disso, devemos garantir esse direito a todos. Partindo dessas reflexões, propomos um diálogo teórico entre de letramento literário a partir do que propõem Candido no texto “O direito à literatura”, afim de salientar que a literatura, tomada num sentido amplo, é uma criação universal dos homens em todas as culturas conhecidas. Por ser da natureza humana mergulhar nos universos ficcionais, a literatura é, de fato, uma necessidade do homem e deve figurar como um direito, como um bem incompressível. Para tanto, entendemos ser necessário refeltir sobre o fomento da leitura literária especialmete, nas escolas públicas. Isto posto, tendo em vista pensar ações educativas do ensino de literatura. Diante dessas discussões, propõe-se como fundamentação teórica, as dicussões de Candido (2011),Lajolo (2018), Street (2014), Zilberman (2002;2021) e Kleiman (1995; 2008) visando o aprofundamento dos conceitos de letramento e a leitura literária como prática social.
COORDENADORES:
ROSIVALDO GOMES (UNIFAP)
Magno Santos Batista (Universidade do Estado do Amapá)
RESUMO: Na construção das áreas da Linguística, vários caminhos foram percorridos, alguns seguiram para a funcionalismo, outros permaneceram mais perto do estruturalismo ou outras perspectivas. Com a Linguística Aplicada não foi diferente, no princípio, com inclinação aplicacionista e focando os processos de ensino de aprendizagem de línguas estrangeiras, especialmente a língua inglesa, essa área buscou se configurar como uma aplicação de disciplinas teóricas a partir de empréstimos conceituais e analíticos da área “mãe” (Moita Lopes, 2009). Contudo, em uma reconfiguração e em uma virada epistemológica, a Linguística Aplicada passa a se estruturar como um campo de conhecimento que tem buscado, especialmente desde a última década, criar inteligibilidade sobre problemas sociais em que a linguagem tem papel central (Moita Lopes, 2006) e questionado profundamente os modos tradicionais de fazer pesquisa na seara dos estudos linguísticos. É essa busca fronteiriça entre a Linguística Aplicada e o Ensino que motivou pesquisadores, a saber: Moita Lopes; Rajagopalan; Angela Kleiman; Edleise Mendes; Sávio Siqueira; Márcia Paraquet, Fabrício, a problematizarem, no Brasil o que se pode denominar de uma Linguística Aplicada Crítica indisciplinar, da desaprendizagem, transgressiva, da implicação e de ação social (Souto Maior, 2023). E hoje, os(as) pesquisadores(as) desse campo defendem vários caminhos de discussão, por exemplo: dos estudos sobre identidade, decolonialidade, letramentos, teoria queer, enfim, diversas perspectivas, enfrentamentos e desafios que são propostos na/para a realização da pesquisa em Linguística Aplicada, quer seja para o ensino de línguas, quer seja para a formação de/com professores. Assim, para este simpósio, interessa-nos receber propostas de trabalhos que busquem estabelecer diálogos entre esse campo e novas perspectivas epistemologias e analíticas, que tratem de enfretamentos e desafios na construção da pesquisa em Linguística Aplicada. Caminhos que possibilitem a construção de uma educação linguística crítica e decolonial em línguas e que possa favorecer também a formação de cidadão críticos, sensíveis as demandas sociais contemporâneas e capazes de realizar transformações no chão da escola e fora dele. Além disso, que estabeleçam relações epistemológicas entre a Linguística Aplicada, uma vez que a linguagem institui/constitui o mundo e que a partir dos pontos de interseção entre a linguagem e o cotidiano da escola podem se tornar pontes para um mundo democrático e possível para a sobrevivência humana.
COORDENADORES:
Eliaine de Morais Belford Gomes (Universidade Federal de Roraima)
Luiz Fernando Ferreira (Universidade Federal de Roraima)
RESUMO: A Linguística, consolidada como saber científico no final do século XX, é considerada uma ciência relativamente nova, apesar de o interesse pelas questões da linguagem ser muito antigo (Mounin, 1972). O seu emprego no ensino básico é ainda mais recente, com reflexões visando superar o ensino tradicional - que tinha sua centralidade no ensino de gramática e nomenclatura - para dar proeminência à leitura, escrita e oralidade (ver Franchi, 1991; Geraldi, 1991). Tais reflexões emergem com a abertura democrática em 1982 e vão culminar nas propostas dos PCNs nos anos 90. Contudo, a nova abordagem é recebida com rejeição por parte da mídia e também da população (Faraco, 2017), de modo que o método tradicional fundamentado no erro ainda tem espaço em diversos materiais de caráter didático-pedagógico como manuais de ensino de gramática, livros didáticos e apostilas que adotam abordagens que mascaram o real problema e, contraditoriamente, reforçam os tabus a serem combatidos. Diante de tal cenário, a discussão sobre as possíveis contribuições da linguística para o ensino básico permanece atual e ganha espaço não só para ensino-aprendizagem de português como língua materna, mas também para o ensino-aprendizagem de outras línguas maternas faladas no Brasil como as línguas indígenas e a Libras também para o ensino-aprendizagem de língua estrangeira / segunda língua. Diante do exposto, convidamos para este simpósio pesquisadores que têm trabalhado com a interface entre linguística e ensino. Estimamos ser relevante que se apresentem projetos e pesquisas que, estando pautados em discussões científicas atuais, forneçam referenciais teórico-metodológicos, de amplo acesso ao público em geral, auxiliando os futuros e atuais professores a elaborarem suas práticas pedagógicas mais sensíveis à heterogeneidade linguística, cultural e social do Brasil.
COORDENADORES:
Elizabete Barros de Sousa Lima (Universidade Federal do Norte do Tocantins)
Luiz Renato de Souza Pinto (Instituto Federal de Ciência e Tecnologia)
GISLEI MARTINS DE SOUZA OLIVEIRA (Instituto Federal de Mato Grosso)
RESUMO: O simpósio congregará trabalhos que tragam à baila a literatura brasileira contemporânea, levando em consideração as mais diversas projeções e estratégias que revelam a busca ininterrupta pelo conhecimento das nossas mazelas sociais. Ao quebrar os paradigmas de uma sociedade patriarcal, misógina, excludente, o papel do artista e de seus objetos de criação estética busca não a simples validação, mas o lugar de fala de um corpo social mantido fora dos espaços (hegemônicos) de poder. Nesse sentido, Karl Erik Schøllhammer (2004) faz uma análise da literatura brasileira contemporânea, destacando a evolução das obras literárias a partir das décadas de 1980 e 1990. O autor destaca a pluralidade da literatura contemporânea, caracterizada pela diversidade de vozes, gêneros e estéticas, como também aborda a transição da literatura pós-modernista, com a exploração da fragmentação, da intertextualidade e da metaficção, que eram tendências importantes durante as últimas décadas do século XX. Nesse cenário múltiplo pelo qual a literatura contemporânea circula, a própria definição do que é contemporâneo é – quase – impalpável, remete ao que há de mais vanguardista, àquilo que suscita o sabor da atualidade e, portanto, permite o diálogo imediato entre o tempo presente e a narrativa de linguagem híbrida, aberta, simbólica, cujos traços carecem de debates e estudos que busquem, no mínimo, compreendê-la. Dessa forma, torna-se relevante mostrar como a literatura brasileira contemporânea é um campo fértil de inovação, diálogo e crítica social, e como os escritores desse período buscam novas formas de representar a realidade brasileira, tanto no conteúdo quanto na forma.
COORDENADORES:
Augusto Sarmento-Pantoja (Universidade Federal do Pará)
Rainério dos Santos Lima (Universidade Federal do Oeste do Pará)
RESUMO: Receberemos propostas de estudos que analisem obras da literatura ou do cinema, de forma independeste, ou na interface literatura e cinema, que busquem refletir sobre várias formas de resistência no tempo presente ou em outros tempos, em busca de discutir a literatura e o cinema como formulações da memória cultural dos eventos históricos, como as ditaduras, as guerras, os conflitos de libertação, as viradas culturais, filosóficas e artísticas. Serão bem-vindas propostas que analisam obras ficcionais, documentárias, testemunhais que podemos associar aos conceitos de resistência e possam analisar à contrapelo (Benjamin, 1994) a invisibilização das existências de grupos sociais historicamente subalternizados, trazendo à tona sua possibilidade da narrar suas histórias (SPIVAK, 2010). Os estudos sobre resistência, contemporaneamente, se aproximam dos estudos descoloniais, pós-coloniais, materialistas históricos, da história oral, feministas, queer, dos estudos culturais, dos estudos comparados, da eco teoria, entre outras. Alfredo Bosi (1996, 2002) deixa claro que a arte tem papel importante no processo de visibilização de grupos e processos de resistência, materializados por meio de duas formas de resistência, uma temática e outra imanente. Entretanto, ele não deixa de lado a possibilidade de encontrarmos outras formas. Em estudo sobre as formas de resistência, apresento uma outra forma de resistência, ligado às existências dos grupos sociais historicamente subalternizados (Sarmento-Pantoja, 2022; 2024), como mulheres, negros, povos originários, comunidades quilombolas, povos de terreiros, comunidades pesqueiras, assentados, deslocados, desaldeados, desabrigados, entre outros. Nesse sentido, o simpósio busca aproximar essas múltiplas formas de visibilizar as resistências na literatura e no cinema.|
COORDENADORES:
RODRIGO DE SOUZA WANZELER (INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ)
Ângela Teodoro Grillo (Universidade Federal do Pará - Campus Belém)
RESUMO: Atualmente, tem-se ampliado, nos estudos literários brasileiros, o interesse em investigar, sem hierarquias, a pluralidade de produção em diferentes espaços do nosso país e, nesse sentido, estabelecer conexões entre produções literárias e culturais como as de Mário de Andrade e Bruno de Menezes (Grillo & Wanzeler, 2024). Estes intelectuais, oriundos, respectivamente, de São Paulo e Belém, interessados, entre outras formas de saber-fazer, em epistemologias africanas e indígenas, alcançam interpretações sui generis do Brasil, na medida em que reconhecem, sem exotismo e com criticidade, a diversidade cultural brasileira. No balanço crítico ao modernismo, Mário de Andrade reconhece três elementos caros a artistas e intelectuais brasileiros que propuseram esse olhar para o “direito à pesquisa estética”; “a atualização da inteligência brasileira”; “a estabilização de uma consciência criadora nacional” (Andrade, 2002). Em grande medida, trata-se, sobretudo, de olhar para si de modo a compreender o que nos diferencia e não o que nos aproxima de uma pretensa universalidade ocidental. Bruno de Menezes, no mesmo contexto, reflete acerca de uma arte livre, independente e regional (Menezes, 1923), sob uma perspectiva de não imitação de modelos estrangeiros e de valorização de produções que representassem o vigor literário nacional. Há, nessa linha, portanto, uma certa antecipação da ideia de decolonialidade, a qual, em síntese, demanda uma desobediência epistêmica (Mignolo, 2017), isto é, o enfrentamento de uma lógica de pensamento eurocentrada, valorizando saberes outros, não reificados e historicamente subalternizados. Nessa perspectiva, convidamos a participar desse simpósio temático, pesquisadores e pesquisadoras que (re)conheçam em produções literárias, tanto da Amazônia quanto de outras regiões do Brasil, escritos que, desafiando uma lógica colonialista, lançam mão de cosmovisões africanas, indígenas e afro-indígenas para criação literária, a qual, ao fim e ao cabo, forja uma crítica a violências de matriz colonial em um país que está (ainda) em processo de independência cultural.
COORDENADORES:
MARIA DE FATIMA NASCIMENTO (gellnortepara@gmail.com)
Hugo Lenes Menezes (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí (IFPI))
RESUMO: Atualmente, no universo lexical, o prefixo “eco” (do grego “oikos”: habitação) entra na composição de muitos termos: ecoempresa, ecoturismo, ecofeminismo, ecopedagogia, ecolinguística, ecoterapia, ecocídio etc e chega aos estudos da arte verbal. Entre a literatura e a ecologia - relação dos seres vivos e o circundante - a conexão dá-se pela ecocrítica. Essa examina e avalia, no texto estético-vocabular, o papel que os fenômenos naturais exercem na constituição de espaços culturais em distintos períodos humanos (Brugioni e Melo, 2022), a observar as concepções de “natureza” e os desdobramentos pós-coloniais. Um deles é a degradação ambiental, o Antropoceno (Krenak, 2020). Embora date de 1980, mormente em potência anglófona, dado o pioneirismo na Revolução Industrial, a ecocrítica tem raízes em “O campo e a cidade na história e na literatura” (1973), do crítico britânico Raymond Williams. Tal olhar ainda remonta ao Romantismo (Williams, 1990), em versão brasileira com ficcionistas regionalistas, a exemplo do rousseauniano José de Alencar, um descrente do progresso da Era Pós-Revolução Industrial. Igual perspectiva vemos no Realismo-Naturalismo de “História de um pescador” (1876), de Inglês de Sousa, na Amazônia nacional. Na mesma região, inclusive na Amazônia internacional e já na literatura dos séculos XX e XXI, sobre o meio ambiente, localizamos diversas questões, entre as quais, o desmatamento, a poluição fluvial, a mineração contaminante, como o garimpo ilegal, plantações com agrotóxicos, a exploração petrolífera desordenada na floresta, o desenvolvimentismo progressista a todo e qualquer custo, ilustrado por empreendedorismos faraônicos: hidrelétricas, Rodovias (Transamazônica e afins), socialmente desagregadores de comunidades originárias. Representantes dessa problemática são os seguintes romances: “O minossauro” (1975) e “A terceira margem” (1983), ambos de Benedicto Monteiro; “Os anões” (1983), de Haroldo Maranhão; “Cinzas do Norte” (2005), de Milton Hatoum, bem como contos de Maria Lúcia Medeiros. Isso posto, com o presente simpósio, objetivamos acolher diferentes trabalhos pertinentes.
COORDENADORES:
Yurgel Pantoja Caldas (Universidade Federal do Amapá)
RESUMO: Originadas, a princípio, em espaços alternativos aos das elites sociais, as diversas formas de linguagens narrativas alinhadas à cultura popular também questionam a razão ocidental da experiência cultural marcada por meios, arranjos e conceitos eruditos e hegemônicos, além de mobilizarem um processo de resistência que se dá também pela própria linguagem. Nesse contexto, expressões como contos, cantigas, lendas e cordéis, trava-línguas (que aparece no verbete "conto popular" do famoso Dicionário do Folclore Brasileiro, de Câmara Cascudo [1998]), dentre tantas outras, estão eivadas de uma linguagem, ao mesmo tempo, narrativa e poética, além de possuírem uma forma de composição e difusão que passa pelas modulações da voz e do corpo (performance e oralidade declamatória) e que, por sua vez, apresentam uma “autoria” na qual a composição coletiva é privilegiada em relação ao indivíduo. Assim, manifestações como festividades de santos (Folias como a Festa do Divino Espírito Santo e da Santíssima Trindade), o Boi-Bumbá, o Carimbó e o Marabaixo tornam-se exemplos pujantes de uma diversidade étnica, religiosa e social que, ao mesmo tempo que marcam um sentido de resistência da e na linguagem, ajuda a explicar a pluralidade dos tecidos sociais que formam determinadas regiões do Brasil. Partindo do princípio de que “qualquer elaboração oral, por mais que pareça simples divertimento, encerra sempre algo de utilidade, de preceito e de etiqueta” (Xidieh, 1993, p. 120), o conceito impreciso de cultura popular “se presta a definições diversas” (Costa in Grieco; Teixeira; Thompson [orgs.], 2015, n/p) e se adapta a diversas temporalidades e espacialidades para montar um mosaico de saberes que circulam no universo ético das coletividades. Esse é o panorama que provocou a inserção deste simpósio que acolhe propostas de comunicação que dialoguem e debatam a presença de narrativas no contexto conceitual de Cultura Popular, preferencialmente, no espaço amazônico.
COORDENADORES:
Allison Marcos Leão da Silva (Universidade do Estado do Amazonas)
RESUMO: O objetivo deste simpósio é promover o debate acerca da cultura e do ambiente intelectual da Amazônia (seja ela brasileira, seja internacional) no entresséculos (XIX-XX), especialmente a partir dos meios de circulação existentes nesse período, como as revistas, os jornais e o livro, entre outros. O simpósio se interessa por trabalhos que investiguem aquele contexto literário e artístico articulado, no plano dos media, à implementação então relativamente recente da imprensa na região, além das reconfigurações dos espaços de sociabilidade como um todo e das classes intelectuais em particular – a exemplo do advento de hábitos culturais como o estabelecimento de agremiações e círculos intelectuais, assim como a fruição de espetáculos dramáticos e o estabelecimento de uma arquitetura e urbanismo que evocavam a ideia de transformação pelo moderno. A discussão aqui proposta também observa aspectos sociais, históricos e econômicos relativos ao contexto de modernização pelo qual os centros urbanos da Amazônia passavam. As noções de modernização e modernidade estarão, portanto, em debate, tanto em termos de realizações concretas quanto no plano do discurso. E, como se trata de noções então em voga no plano nacional e internacional, os trabalhos devem atentar para a necessidade de articulação entre os contextos locais e externos. Portanto, a discussão ora assinalada será atravessada por ponderações sobre a consolidação de formas sociais da vida intelectual nos centros catalizadores dos processos de modernização na Amazônia, ao mesmo tempo em que refletirá a respeito dos trânsitos, conexões e redes, mas também distanciamentos, diferenças e rupturas em relação a experiências de modernização em outras escalas estéticas, geográficas, políticas e culturais. Do ponto de vista das formas de circulação das ideias naquele contexto, serão bem-vindas propostas que abordem as estratégias de divulgação desde o periodismo até o mercado editorial vigente, assim como o próprio universo da recepção local ou externo dessas ideias. Igualmente, serão acolhidas análises e interpretações acerca da recepção externa das ideias, expressões e discursos oriundos do contexto amazônico, ou a este relacionados. Também o trânsito e as trocas entre agentes atuantes nos microcontextos da região serão bem recebidos.
COORDENADORES:
Thomas Massao Fairchild (Universidade Federal do Pará)
Herodoto Ezequiel Fonseca da Silva (Instituto Federal do Pará)
RESUMO: Propõe-se neste simpósio reunir trabalhos que discutam a relação entre diversidade linguística e saberes ambientais de povos tradicionais da Amazônia e outros contextos da América Latina e na África (indígenas, quilombolas, ribeirinhos, pescadores, extrativistas, assentados etc.). Tem-se interesse em trabalhos que investiguem o modo como os saberes produzidos e transmitidos nas práticas sociais de diferentes comunidades se encontram implicados nas suas práticas discursivas, tanto no plano dos gêneros gestados no âmbito dessas comunidades (narrativas, cantos, explicações, formas de conversação e debate etc.) quanto no plano das próprias estruturas linguísticas. Por diversidade linguística entendem-se tanto situações de contato entre línguas distintas quanto aquelas em que se trata de variedades de uma mesma língua. Privilegiam-se os trabalhos que abordam a temática a partir de teorias do discurso, levando em consideração problemáticas como as da ideologia, da memória e da história, bem como da agência dos sujeitos, das práticas discursivas e da constituição de identidades. O escopo do simpósio também se estende a pesquisas que problematizem, a partir desse viés teórico, as imagens e os sentidos produzidos a respeito de comunidades tradicionais e seus saberes ambientais em campos discursivos diversos, tais como o midiático, o literário, o acadêmico e o legislativo, entre outros. Tem-se como objetivos: a) mapear pesquisas sobre o tema e cotejar as problemáticas abordadas junto a diferentes povos ou comunidades nos continentes americano e africano, reunindo elementos para um estado da arte; b) compreender os processos pelos quais os temas da diversidade linguística e dos saberes ambientais têm sido incorporados aos discursos hegemônicos da sociedade contemporânea, atentando em especial para os deslocamentos de sentido produzidos conforme enunciados produzidos no contexto de culturas tradicionais passam a circular em espaços distintos e são assumidos por outros grupos sociais.
COORDENADORES:
Miliane Moreira Cardoso Vieira (UFNT)
Anderson Francisco Guimarães Maia (Universidade Federal do Pará)
RESUMO: Este grupo temático propõe discutir o papel das línguas adicionais no contexto da internacionalização do ensino superior, considerando abordagens teóricas e metodológicas relacionadas às políticas linguísticas, experiências de mobilidade e formação acadêmica em diferentes níveis. A partir da noção de política linguística proposta por Spolsky (2021) — que envolve práticas, crenças e gestão da língua —, o GT busca refletir sobre o funcionamento das línguas como instrumentos de inclusão e exclusão social e sobre as dinâmicas de valorização linguística em contextos multilíngues. O grupo acolhe pesquisas que investiguem a aquisição e o uso de línguas adicionais em ambientes acadêmicos, bem como os desafios e estratégias para o desenvolvimento de competências interculturais e pragmáticas no ensino superior. Questões como a adaptação curricular ao ensino em mais de uma língua, o desenvolvimento de literacias acadêmicas e disciplinares e o letramento em gêneros próprios das diferentes áreas do conhecimento também são centrais para as discussões propostas. Outro foco importante do GT são as experiências de mobilidade acadêmica vividas por estudantes de graduação, mestrado e doutorado, e os impactos dessas vivências na formação, na pesquisa e na extensão universitária. Essas experiências contribuem para a construção de trajetórias acadêmicas internacionalizadas, mas também revelam desigualdades de acesso e desafios relacionados à política linguística institucional. Por fim, o grupo busca promover um espaço de diálogo interdisciplinar sobre o planejamento educacional voltado à internacionalização, com ênfase em práticas pedagógicas inclusivas, políticas linguísticas sensíveis à diversidade cultural e estratégias sustentáveis de promoção do multilinguismo no ensino superior. A proposta é contribuir para uma internacionalização mais equitativa, que reconheça a pluralidade de línguas e culturas como parte fundamental da construção do conhecimento acadêmico.
COORDENADORES:
Wagner Rodrigues Silva (Universidade Federal do Tocantins)
Mario Ribeiro Morais (Universidade Federal do Tocantins)
RESUMO: Este simpósio reúne trabalhos acadêmicos sobre práticas de escrita reflexiva ou memorialística, utilizadas como estratégias didáticas na instrução inicial e continuada de professore(a)s de Português como língua materna, atuantes na Educação Infantil, Ensino Fundamental ou Ensino Médio. Esta proposta está fundamentada em estudos da educação científica, desenvolvidos na Linguística Aplicada (LA), comprometidos com a valorização e a propagação de atividades científicas diferenciadas, possibilitando a diversificação de pessoas envolvidas e interessadas em pesquisas no campo da LA (Silva, 2023; 2020). O registro escrito focalizado neste simpósio se materializa em narrativas capazes de reunir histórias de vida, repletas de experiências pessoais e profissionais revisitadas e compartilháveis, resultando na articulação de conhecimentos teóricos e práticos com desdobramentos significativos para o trabalho de formadore(a)s e para o processo educativo do(a)s próprio(a)s autore(a)s e, inclusive, do(a)s leitore(a)s (Nóvoa, 2022). As exposições orais podem ser realizadas a partir (1) de trabalhos científicas convencionais, produzidos por estudantes ou pesquisadores experientes, ou (2) de investigações materializadas em narrativas autobiográficas, escritas pelo(a)s próprio(a)s professore(a)s de Língua Portuguesa. Os trabalhos submetidos podem ser fundamentados em diferentes pressupostos teóricos, a exemplo dos estudos dos letramentos, que possibilitam a reconstrução de trajetórias de vida atravessadas pela cultura da escrita; e devem delinear o percurso metodológico construído (Barton; Hamilton, 2012). Este simpósio integra as atividades do grupo de pesquisa Práticas de Linguagens – PLES (UFT/CNPq).
COORDENADORES:
Dinair Barbosa de Freitas (Universidade do Estado do Pará)
Rita de Nazareth Souza Bentes (Universidade do Estado do Pará)
Josane Daniela Freitas Pinto (Universidade do Estado do Pará)
RESUMO: Este simpósio temático tem como objetivo instaurar-se como um espaço de diálogo entre estudantes, professores, pesquisadores e outro(a)s na produção acadêmica do campo da linguagem que refratam vivências e saberes advindos das práticas educativas no espaço escolar e universitário e/ou fora deles. Nesse sentido, este diálogo se baseia não somente na perspectiva dialógica da linguagem (Bakhtin, 2010; Volóchinov, 2017) compreendida como constitutiva da ação e dos discursos do(a)s sujeitos(a)s na interação, como também na perspectiva das diferenças interculturais (Freire, 2001; Oliveira, 2015) que estabelece relações interculturais nos espaços de ensino com base na dialogicidade. Essas perspectivas vêm proporcionando às práticas educativas valorosas experiências que ocorrem da sala ao cotidiano e vice-versa, estabelecendo relações outras de aprendizagens e conhecimentos/saberes diversos. Desse modo, este simpósio temático “Reflexão dialógica e intercultural da linguagem nas práticas educativas da Amazônia” considera pesquisas e estudos advindos de análises ou apreciações discursivas e interculturais de materialidades diversas, tais como, enunciados concretos e /ou propostas de atividades em/de sala de aula, de práticas de ensino, de materiais de linguagem sobre leitura, escritura, oralidade e visualidade. Almeja-se que este simpósio seja um singular espaço de experiências e discussões sobre a linguagem e o ensino nos vieses das relações dialógicas e das relações interculturais estabelecidas nessas interações vividas nas práticas educacionais.
COORDENADORES:
ANA MARIA VIEIRA SILVA (Universidade Federal do Oeste do Pará)
TEREZINHA DE JESUS DIAS PACHECO (Universidade Federal do Oeste do Pará)
RESUMO: Nos dias atuais as mulheres têm assumido papeis bem diferentes dos que exerciam até o início do século XX. Isso é percebido nas várias áreas de atividades e de conhecimentos nos quais elas têm participado ativamente, como na educação, na política e no empreendedorismo, entre outros. Por isso é importante dar-lhes maior visibilidade nas narrativas, nas quais relatam suas experiências; libertam-se das amarras, que lhes tolhiam a liberdade, e clamam por respeito e igualdade. Esse protagonismo feminino também é percebido nas mulheres amazônidas, reproduzido principalmente nas manifestações artísticas, políticas e nas narrativas, das quais são autoras ou personagens. Diante disso, este simpósio tem como objetivo principal estimular o debate em torno das representações das mulheres amazônidas na literatura, para conhecer e valorizar as histórias de vida dessas mulheres, relatadas em suas narrativas, consoante as ideias de várias pesquisadoras e escritoras internacionais, como Ângela Davis, Bell Hooks e de pesquisadoras brasileiras que reconhecem o protagonismo feminino, como Constância Duarte, Eurídice Figueiredo e Conceição Evaristo.
COORDENADORES:
Celeste Maria da Rocha Ribeiro (Universidade Federal do Amapá)
Kelly Cristina Nascimento Day (Universidade do Estado do Amapá)
RESUMO: Dada a complexidade do espaço amazônico, constituído por ricos e diversos ecossistemas linguísticos ainda pouco estudados, este simpósio temático visa promover discussões, reflexões, análises em torno de trabalhos fundamentados pela grande área da Sociolinguística (Labov, 1972; Weinreich, 1951), os estudos do Contato e Políticas Linguísticas (Calvet, 2007; Simonin, 2013) na Amazônia, buscando dar visibilidade às pesquisas feitas nessas áreas, considerando essa região. Os trabalhos reunidos nesse simpósio deverão partir do pressuposto de que língua e linguagem constituem fenômenos responsáveis pela inserção do falante em seu contexto de interação sociocultural, reconhecendo a diversidade linguística e cultural que permeia a sociedade. Os trabalhos poderão apresentar abordagens teóricas e metodológicas diversas, com resultados observáveis a partir de múltiplos olhares e enfoques, considerando as diferentes perspectivas sociolinguísticas. Nesse escopo inserem-se questões relacionadas à variação e mudança linguística a partir dos diversos níveis linguístico-gramaticais do português brasileiro amazônida, ao multi/plurilinguismo e às práticas linguageiras dele oriundas, ao contato linguístico e cultural entre línguas majoritárias e minoritárias em perspectiva assimétrica, aos estudos linguísticos de fronteira, à diversidade linguística, às políticas linguísticas na Amazônia (revitalização, aquisição, ensino), (in)visibilidade, apagamento e identidade linguística, direitos linguísticos, educação linguística, especialmente em sua versão bi ou multilíngue, entre outros trabalhos que estejam na interface com outras disciplinas.