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III Encontro do GELLNORTE

SIMPÓSIOS TEMÁTICOS

O PAPEL DOS ESTUDOS DO DISCURSO E DA ENUNCIAÇÃO NO ENFRENTAMENTO DE DISCURSOS DA/NA SOCIEDADE BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA

COORDENADORES: Michelle Aparecida Pereira Lopes e Thiago Barbosa Soares

RESUMO: Este simpósio que tem por intuito receber estudos do discurso e da enunciação cujos trabalhos colaborem para a interpretação crítica dos ditos que circulam no Brasil atual é uma "intervenção" do papel dos estudos do discurso e da enunciação no enfrentamento de discursos em nossa conjuntura atual. Não se pode negar que no cenário político-social brasileiro recente, as tentativas de desmerecimento e desvalorização do saber científico têm sido inúmeras e incisivas, além de alicerçadas em falácias e alegações de viés conservador, muitas vezes partidário e contrário à isonomia de direitos e à democracia. É justamente neste espaço de embates que os estudos do discurso e da enunciação possuem papel decisivo devendo, pois, assumir a responsabilidade que lhes é imanente: a de jogar luz aos fatos e às verdades construídas, oferecendo à sociedade as análises necessárias para que discussões sejam empreendidas e sentidos, descortinados. Por atentarem-se às diferentes modalidades textuais contemporâneas, desenvolvem análises minuciosas e pormenorizadas que elucidam como a constituição, a formulação e a circulação dos dizeres, a confluência entre verbo e imagem, dentre outros, impactam a produção dos sentidos em nossa sociedade contemporânea. Assim, os estudos do discurso e da enunciação vão nos revelando as artimanhas entre discurso e verdade, tenuamente alinhavadas e estrategicamente postas em funcionamento. Dito isso, ao aventarmos esta "intervenção" no III Encontro do Grupo de Estudos Linguísticos e Literários da Região Norte (GELLNORTE), cujo tema é "Estudos Linguísticos e Literários na Pan- Amazônia em Tempos de Crise", pretendemos abrir um espaço dialético de enfrentamento e resistência que, ao mesmo tempo, reafirma o papel interpretativo da língua(gem) em nossa formação sociopolítico-ideológica, cultural e comportamental.

LINGUÍSTICA E ENSINO

COORDENADORES: Eliaine de Morais Belford Gomes e Quezia dos santos Lopes Oliveira

RESUMO: Os últimos 50 anos foram marcantes para a educação brasileira. De um lado, tivemos a inclusão da Linguística no ensino superior, na década de 60. De outro, a abertura da escola pública, em meados de 70, às camadas desprestigiadas e estigmatizadas da sociedade. No decorrer deste tempo, experimentamos inúmeras propostas de diálogo entre ensino superior e básico, numa tentativa de implementação das descobertas linguísticas às demandas advindas do ensino básico nesse novo cenário pós- redemocratização. Desse diálogo, são frutos os documentos oficiais da educação (PCN, BNCC, OCN), publicados nos últimos anos, bem como a problematização do lugar e ensino da gramática nas aulas de língua materna e da pedagogia tradicional centrada no erro. Atualmente, diante das inúmeras crises que a educação pública brasileira vem enfrentando, agravadas pelo cenário pandêmico e pelo contexto de ensino remoto, colocam-se mais uma vez em discussão as possíveis contribuições da Linguística para o ensino básico e a avaliação da relação entre seu impacto real e potencial na sociedade, de modo a estreitar cada vez mais esse elo. Diante dessas questões, este simpósio convida pesquisadores, professores e estudantes a repensarem o lugar da Universidade enquanto subsidiadora do ensino básico, e a problematizarem a repercussão da Linguística nas aulas de língua na atualidade.

A INTERFACE DO HAICAI: O POEMETO JAPONÊS NA AMAZÔNIA

COORDENADORES: Cacio José Ferreira e Lucélia de Sousa Almeida

RESUMO: O haicai, poesia japonesa, solidificada pelo poeta Matsuo Bashô no século XVII, apresenta uma espécie de vazio condensado nos versos. Há alumbramento poético atingido apenas pela percepção aguçada do poeta e do leitor, denominada por Octávio Paz como uma "anotação rápida – verdadeira recriação – de um momento privilegiado: exclamação poética, caligrafia, pintura e meditação, tudo junto" (PAZ, 1995, p. 40). No século XX, o haicai chega à Amazônia. O Crisântemo de Cem Pétalas, por exemplo, de Luiz Bacellar em coautoria com Roberto Evangelista, de 1985, está repleto de alusões ao maior haicaísta japonês, Bashô, e explora o estilo com paisagens brasileiras, questões culturais e sociais. A chegada em terras brasileiras por vias duplas: uma por meio da tradução da poesia japonesa para o francês e em seguida para o português; a outra, com a chegada dos imigrantes japoneses no Brasil, em 1908, cria estilos e tonalidade diversas em terras brasileiras. No Amazonas, por exemplo, o estilo de poesia japonesa era contorno cristalizado no Clube da Madrugada, grupo literário e artístico, fundado em 1954, gerando grandes nomes da literatura nacional fora do contexto cultural predominante. Nessa perspectiva, esse simpósio acolhe trabalhos que tematizam o haicai e sua interface com outras áreas artísticas, com a paisagem amazônica e, ainda, interlocuções entre a poesia haicaísta brasileira e japonesa.

PORTUGUÊS LÍNGUA ADICIONAL: PRÁTICAS DE LETRAMENTOS E ENSINO EM SALAS/CONTEXTOS MULTILÍNGUES

COORDENADORES: Rosivaldo Gomes e Adelma Barros-Mendes

RESUMO: Nos últimos 20 anos, no contexto brasileiro, é possível observar um crescente interesse sobre o ensino de Português como língua adicional (PLA) e, mais recentemente, uma grande preocupação pela formação de professores para atuarem nessa área, apesar de existirem, desde a década de 1970, ações direcionadas para o ensino de português como língua estrangeira, conforme discutem Schlatter (2020) e Scaramucci e Bizon (2020). Contemporaneamente, entretanto, o interesse por cursos de PLA, conforme pontuam Diniz (2008) e Aquino (2018), deve-se também a fatores econômicos, sociais, culturais, mas também mercadológicos (DINIZ, 2008) e em função da posição econômica do Brasil no Mercosul, bem como devido a alguns acordos realizados pelo País com outros países. Somam-se ainda a esses outros fatores como, por exemplo, o crescente número de pessoas refugiadas, deslocadas forçadamente ou expatriadas que chegam ao Brasil, bem como o processo de internacionalização do português brasileiro no contexto das universidades públicas, que cada vez mais recebem alunos estrangeiros participantes de programas de intercâmbio ou de programas que possibilitam a realização de cursos de graduação no Brasil, como, por exemplo, do Programa Estudante - Convênio de Graduação (PEC-G). Assim, este simpósio acolherá pesquisas que abordem o ensino de Português como língua adicional, focalizando principalmente práticas de ensino em salas de aulas e/ou contextos multilíngues. As pesquisas poderão contemplar reflexões sobre práticas didático-pedagógicas que focalizem o desenvolvimento práticas de letramento(s) a partir do uso de gêneros discursivos, multimodalidade, aquisição de lexical, conhecimentos gramaticais, leitura, escrita e/ou multiletramento(s) no ensino de PLA. Espera-se que os resultados dos estudos apresentados neste simpósio possam contribuir e suscitar reflexões acerca dessas práticas de ensino e na formação de professores de PLA.

ESTUDOS MORFOSSINTÁTICOS EM LÍNGUAS INDÍGENAS AMAZÔNICAS

COORDENADORES: Zoraide dos Anjos Gonçalves da Silva e Alexandra Aikenvald

RESUMO: Nas últimas duas décadas, houve um aumento significativo no número de trabalhos que envolvem a descrição das línguas indígenas, de modo particular aquelas faladas na região amazônica. Apesar dos esforços de vários pesquisadores e pesquisadoras que, apesar das dificuldades de acesso nessa região, o que faz com que muitas comunidades estejam isoladas tanto geograficamente quanto linguisticamente falando, a Amazônia ainda constitui um dos territórios nos quais as línguas ainda são pouco conhecidas. Dessa maneira, a gama de processos linguísticos que correm risco de desaparecer, assim como as línguas, sem nenhum tipo de documentação linguística (cf. Rodrigues: 2000) é imenso. A diversidade de famílias linguísticas e línguas isoladas encontradas nessa área, também, é uma forte justificativa para o desenvolvimento de pesquisas. De acordo com Grinevald (1998: 127), a região amazônica era como uma "caixa-preta linguística". Mais de duas décadas depois, não se tem, ainda, um trabalho descritivo sobre cada língua indígena da Amazônia. Dessa maneira, a importância de trabalhos descritivos sobre o tema é notada por Dixon & Aikhenvald (1999) que ressaltaram: "um dos editores dedicou diversas décadas a procurar por universais linguísticos. Caso após o caso, assim que achou que tinha conseguido alguma indicação tipológica significativa, um contraexemplo aparecia em sua frente e era invariavelmente de uma língua da Amazônia". Sendo assim é possível dizer que a ampliação da divulgação assim como dos estudos linguísticos nessa região contribuirá de forma significativa para a compreensão da linguagem humana. Por essas razões, o presente simpósio tem como objetivo reunir os mais diversos trabalhos na área de morfossintaxe com dados de línguas indígenas, preferencialmente, mas não exclusivamente, numa abordagem funcional.

MEMÓRIA, ALTERIDADE, PERFORMANCE: NARRATIVAS E POÉTICAS DA E SOBRE A AMAZÔNIA

COORDENADORES: Juciane dos Santos Cavalheiro, Allison Leão e Augusto R. Silva Junior

RESUMO: O presente Simpósio acolherá contribuições teóricas e críticas sobre narrativas orais, performáticas e escritas a respeito da Amazônia. O século XX consolidou determinadas visões sobre a Amazônia: eldorado, paraíso, inferno, ínsula, ilhamento, fronteira, raizamas etc. Há um conjunto de autores que configuram e problematizam esse contexto, dentre os quais: Milton Hatoum, Dalcídio Jurandir, José Maria Arguedas, Vicente Franz Cecim, dentre outros. Diante da diversidade de lugares de enunciação que tematizam o caráter complexo de imagens e experiências da alteridade, buscamos propostas que contribuam para a composição teórica e analítica da relação entre literatura e cultura, de poéticas e estéticas amazônidas. Nesse sentido, convocamos pesquisadores, professores e artistas que articulem formas complexas e criativas no âmbito da respondibilidade e na relação inacabada da palavra com as outras artes, a ação intelectual, o pensamento social e a representação da natureza. Nas instâncias da fauna, flora e flúvia, presentes nas narrativas, práticas orais, performativas e geopoesia, buscamos aquilo que é mais importante na Região Norte do Brasil: o humano.

ENTRE A REGIÃO AMAZÔNICA E O NORDESTE BRASILEIRO - JOSÉ VERÍSSIMO, SÍLVIO ROMERO E ARARIPE JÚNIOR: UMA TRÍADE DA CRÍTICA E DA HISTÓRIA LITERÁRIA

COORDENADORES: Maria de Fatima do Nascimento e Hugo Lenes Mmenezes

RESUMO: Em termos de produções estético-verbais, são formas de interpretações a teoria literária, que delas extrai generalidades; a crítica de obras escritas, que realiza julgamento de valor; e a história da arte da palavra, que as estabelece no tempo e no espaço. No Brasil, entre a Região Amazônica e a Região Nordeste, situam-se três intérpretes de nossa cultura: o paraense José Veríssimo, o sergipano Sílvio Romero e o cearense Araripe Júnior - a tríade da crítica e da história literária nos finais dos Oitocentos e os inícios dos Novecentos. Estamos então em tempos de crise, como a econômico-capitalista, nacionalmente culminada no Encilhamento. Nessa conjuntura, José Veríssimo é o autor, entre outros, de "Cenas da vida amazônica" (1899) e "História da literatura brasileira" (1916), na qual ele amplia as fontes teóricas, pois junto à matriz franco-portuguesa, mostra-se aberto à crítica americana, espanhola, inglesa etc. Em particular e enquanto pensador de visão, coloca a Região Norte no dito centro da cultura ocidental, fato ilustrado por suas palestras de 1890 na Europa, sobre a civilização marajoara e as riquezas amazônicas. Rigoroso na apreciação da obra alheia, José Veríssimo é mais crítico do que historiador. Outro produtor de uma "História da literatura brasileira" (1888) encontramos em Sílvio Romero. Companheiro do coestaduano Tobias Barreto, germanista como ele, inversamente ao intelectual paraense, com quem polemiza, Sílvio Romero revela-se mais historiador do que crítico. Também amigo de Tobias Barreto, Araripe Júnior, mesmo quando empreende sistematizar, no livro "José de Alencar" (1879), a vida e a obra de tal literato, é exclusivamente crítico. Assim, no simpósio ora proposto, objetivamos abrigar trabalhos voltados à crítica e à história literária brasileira a partir de seus três mencionados pilares, localizados no último quartel do século XIX e na primeira década do século XX, entre a Região Amazônica e a Região Nordeste.

"NÓS DO NORTE": POLÍTICAS, DESCRIÇÃO E ENSINO DE LÍNGUA

COORDENADORES: Ediene Pena Ferreira e Eliane Pereira Machado Soares

RESUMO: Com o propósito de discutir temas e proposições acerca da pesquisa em linguística, descrição e ensino, o Grupo de Estudos Linguísticos do Oeste do Pará – Gelopa e o Observatório de Linguagem do Sul e Sudeste do Pará – OLISSPA, abrigados, respectivamente, na Universidade Federal do Oeste do Pará – Ufopa e Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará – Unifesspa, desenvolvem o projeto Roda de Conversa: Nós do Norte. O nome do projeto é propositadamente ambíguo. "Nós", primeira pessoa do plural, significa um grupo de professores do estado do Pará – oeste, sul e sudeste, da região norte; "nós", plural de nó, significa a união dos pesquisadores da nossa região. É muito importante que os grupos das universidades do Norte dialoguem entre si, se integrem, para assim fortalecer a pesquisa e consolidar nosso espaço em nossa área de atuação. O projeto, cujo embasamento teórico é do Funcionalismo e da Sociolinguística, concebe língua como instrumento de interação social, dinâmica, variável, sujeita a pressões de uso, por isso adaptável às necessidades comunicativas. Com encontros quinzenais, o Nós do Norte vem discutindo a inter-relação discurso e gramática; a diversidade linguística que caracteriza o português brasileiro, sobretudo do norte do Brasil, e sua relação com políticas linguísticas que impactam o ensino da língua. Propomos estender essa discussão para este simpósio, que objetiva reunir pesquisas, concluídas e em andamento, voltadas para a área da análise e descrição das línguas naturais, em especial, das variedades do português do norte do Brasil, que discutam políticas linguísticas, multi e plurilinguismo, gramática, ensino de língua.

REPRESENTAÇÕES LITERÁRIAS NO/DO NORTE: ESPAÇOS E TRAMAS DURANTE O SÉCULO XIX

COORDENADORES: Valdiney Valente Lobato de Castro e Yurgel Pantoja Caldas

RESUMO: Uma breve análise das histórias literárias revela o quanto a Literatura produzida na Região Norte detém um espaço diminuto, o que pode sugerir uma manifestação literária reduzida. Todavia, desde meados do século XIX, a Província do Grão Pará lança seu primeiro jornal e a partir daí surgem os folhetins de autores de diferentes partes do país. Apesar de estar distante do polo econômico e letrado do país, a leitura desde muito cedo fez sucesso no Norte, garantindo vasta produção literária e angariando um número significativo de leitores. Além disso, a diversidade fisiográfica, cultural e social permite compreender as manifestações literárias da/na região Norte como uma pluralidade de culturas hibridamente entrelaçadas – razão pela qual a relação do homem com o texto é permeada por relações muito diversas, o que provoca uma necessidade de discutir questões relativas à literatura (como leitura, produção, recepção e circulação do texto literário), bem como a construção de identidades do Norte do Brasil (baseada tanto nas relações desenhadas entre centros, margens e periferias quanto no papel de livreiros, escritores e leitores, que compõem o mercado editorial). Diante disso, este simpósio pretende estimular o debate em torno das representações literárias da/na região Norte durante o século XIX.

ENSINO DE LÍNGUAS EM CONTEXTO INDÍGENA

COORDENADORES: Antonio Almir Silva Gomes e Nayara da Silva Camargo

RESUMO: A Escola Indígena Brasileira – ou Educação Escolar Indígena (EEI) – serviu ao longo dos séculos a distintos propósitos, desde aqueles voltados à catequização, àqueles voltados à integração das populações atendidas ao sistema capitalista nacional (Kahn; Franchetto, 1994). Esses propósitos apenas na segunda metade do século XX terão suas estruturas abaladas, quando, graças aos movimentos e protagonismos indígenas, ganham força perspectivas capazes de oporem-se ao status quo instalado. Particularmente a partir da Constituição Federal de 1988, as populações indígenas conquistam direitos até então inexistentes, dentre os quais, o de valer-se de suas formas de ensinar e de aprender na escola, o que incluiu a possibilidade de que as populações indígenas atendidas pelas escolas localizadas em seus territórios definam seus próprios programas, conteúdos, modos de ensinar e de aprender, bem como o uso de suas línguas maternas durante o processo. Trata-se da Educação Escolar Indígena Diferenciada nos termos do Artigo 210, § 2º da Constituição Federal, segundo o qual: "O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas também a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem". Com este cenário em mente, o Simpósio Temático acolhe discussões que tratem de ações e experiências de ensinar e de aprender línguas na EEI, perpassando pela produção de fontes de informações e materiais sobre as mesmas línguas; interessa-nos com o Simpósio discutir, compreender, propor ações e experiências capazes de potencializar as línguas que chegam à sala de aula em formato de disciplina. Tais questões envolvem-se num contexto em que universidades brasileiras, pesquisadores, secretarias de educação se ressentem da pouca oferta de informações sobre Ensino de Línguas em Contexto Indígena (ELCIND).

ASPECTOS SOCIAIS E REGIONAIS DOS FALARES DO NORTE BRASILEIRO

COORDENADORES: Edmilson José de Sá e Selmo Ribeiro Figueiredo Júnior

RESUMO: Este simpósio busca reunir trabalhos desenvolvidos no âmbito da variação linguística, que contribuam para o melhor entendimento de fenômenos lexicais, morfossintáticos e fonético-fonológicos da língua portuguesa falada no Norte do Brasil. Assim, pretende-se reunir trabalhos que tratem desses fenômenos quer explicados pela Sociolinguística (LABOV, WEINREICH; HERZOG,1968; LABOV, 1966; 1972; 1983; 1994; 2001), que permite explicar a variação dos fenômenos sob a égide social, com base na interferência do sexo, da faixa etária e da escolaridade; quer explicados pela Dialetologia (FERREIRA; CARDOSO, 1994), que, usufruindo do método da Geolinguística (CARDOSO, 2010), permite a compreensão da língua à luz da dimensão espacial, incluindo a possibilidade de refletir sobre as peculiaridades do falar característico de comunidades tradicionais de que fazem parte os povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos. Também poderão ser aceitos trabalhos que compartilhem discussões baseadas em corpus literário, de modo a verificar que aspectos regionais ou sociais justificam a variação lexical, fonético-fonológica e/ou morfossintática em produções literárias que transmitam traços distintivos dos falares nortistas. Dessa forma, pretende-se compartilhar pesquisas oriundas de diferentes instituições de ensino superior que auxiliem na compreensão do grau de diversidade e de variação do português brasileiro, além de registrar, mais enfaticamente, os aspectos que justificam tanto a inovação dos fenômenos mais acentuados nos falares descritos quanto a conservação dos mesmos.

ESTUDOS DE TRADUÇÃO EM INTERFACES: LITERATURA E OUTRAS PRÁTICAS

COORDENADORES: Mariana Janaina dos Santos Alves e Audrey Debibakas

RESUMO: O presente simpósio objetiva reunir pesquisadores dos Estudos da Tradução (cultural e intersemiótica) na literatura brasileira e/ou francesa/francófona no eixo da poética ou narrativa e suas interfaces com outras práticas, quais sejam o cinema, música, artes visuais, cultura e o teatro. Ancorados nos postulados em Eagleton (2005), Plaza (1987), Bassnett (2003), Benjamin (2000/ 2008), Blanchot (1987), Nouss (1991) e Ricoeur (2011) as comunicações neste simpósio podem ser apresentadas em língua portuguesa ou francesa.

ARGUMENTAÇÃO, DISCURSO E ENSINO: DESAFIOS NA PANDEMIA

COORDENADORES: Adriana dos Reis Silva e Maysa de Pádua Teixeira Paulinelli

RESUMO: Este Simpósio se estrutura em torno de três eixos fundamentais: argumentação, discurso e ensino de língua e linguagens, interligados por um fator comum, que é o contexto de pandemia causada pelo coronavírus SARS-CoV-2. Assim, serão aceitos trabalhos que versem sobre as produções discursivas dos mais diversos domínios, que se engendraram em torno de temas cotidianos do período pandêmico, como política, economia, saúde pública, educação, emprego, segurança, artes e outros, privilegiando-se a análise da estrutura argumentativa de gêneros circulantes nas mídias digitais, especialmente Facebook, Instagram, Twitter, Blogs etc. Também serão aceitos trabalhos que versem sobre o ensino da argumentação em uma perspectiva discursiva, assim como relatos de experiência que discorram sobre o ensino de língua e linguagens na pandemia, considerando-se o emprego das tecnologias como fator propiciador das atividades de ensino. Afinal, se faz relevante apreender como os percursos pedagógicos tradicionais dialogam com as novas tecnologias. Entendendo que nessa percepção de ensino a dimensão temporal e espacial se fazem sem fronteiras, dados que possibilitam a agilidade dos processos de transmissão e obtenção do conhecimento, assim como a compreensão dessas novas metodologias para a aquisição do ensino-aprendizagem. Destaca-se, aqui a relevância da multimodalidade para o desenvolvimento de letramentos, assim como as atividades remotas que se tornaram imprescindíveis a intermediação da comunicação, informação e ensino em tempos de pandemia. Tendo em vista que as práticas de letramentos vinculadas à realidade social do estudante, pode vir a abrir espaços para legitimação de políticas educacionais, permitindo a construção de novas identidades, da criticidade e envolvimento social e cultural para o âmbito estudantil. Assim, esperamos que nossa proposta possa propiciar um olhar singular acerca das práticas efetivas de processo ensino-aprendizagem, promovendo a conscientização e a integração social, a busca pela cidadania e pela participação política, entre outras questões que permeiam a construção educacional igualitária no cenário brasileiro.

CONTATO LINGUÍSTICO ENTRE O PORTUGUÊS E OUTRAS LÍNGUAS

COORDENADORES: Fabricio Paiva Mota e Suzana Vinicia Mancilla Barreda

RESUMO: O contato linguístico é a relação entre duas ou mais línguas em uma mesma localidade, as quais compartilham espaços comuns, tais como áreas de comércio e de educação, principalmente em áreas fronteiriças. A história da língua portuguesa demonstra que ela sempre esteve em contato com línguas indígenas, africanas e de imigrantes. No cenário brasileiro, Heye e Vandresen (2016) traçam um breve panorama do Contato linguístico no Brasil a partir da chegada dos portugueses no século XVI. Os autores discutem a relação entre a língua portuguesa e as línguas indígenas, as africanas e as dos imigrantes (italiano, alemão, polonês, ucraniano, espanhol, dentre outras) ao longo dos mais de 500 anos de nossa história. Do ponto de vista amazônico, Aikhenvald (2002) teve como objetivo sistematizar o contato induzido por mudança entre duas famílias linguísticas geneticamente não relacionadas e tipologicamente diferentes do norte da Amazônia: Arauaco do norte e Tucano na região de Vaupés e distinguiu as semelhanças genéticas de empréstimo. Segundo a autora, quando as línguas estão em contato, ou seja, quando há muitos falantes de uma língua tendo contato com outras, ambas emprestam características linguísticas em um processo cíclico, por exemplo, pronúncia, gramática, vocabulário. Face ao exposto, entendendo que línguas não são neutras, ao contrário são ferramentas ideológicas, políticas, sociais e econômicas, assim como suas políticas de inserção ou apagamento, esse Simpósio pretende reunir pesquisas que contemplem temas relacionados preferencialmente ao (1) contato linguístico entre português e outras línguas; (2) code switching (alternância de código), (3) transferência linguística; (4) interferência linguísticas; (5) interlíngua; (6) empréstimo linguístico; (7) bilinguismo; (8) multilinguismo; (9) plurilinguismo; e (10) translinguagem; (11) português como língua estrangeira; (12) português como língua de acolhimento e temáticas afins.

O DISCURSO METALINGUÍSTICO ANTIGO, ENTRE RÉTORES E GRAMÁTICOS

COORDENADORES: Carlos Renato Rosário de Jesus e Vivian Gregores Carneiro Leão Simões

RESUMO: A presente proposta de Simpósio Temático objetiva reunir pesquisadores(as) que se dedicam aos estudos dos textos de antigos gramáticos e rétores em projetos que enfoquem o pensamento a respeito da linguagem e sua formulação, incluindo, mas não restringindo-se, ao aspecto gramatical antigo e/ou à matéria métrica, no verso ou na prosa, bem como projetos que investiguem lições da retórica greco-latina em cujo cerne localize-se o discurso metalinguístico antigo e suas relações com saberes sobre língua e linguagem. Justificativa. Desde as primeiras manifestações escritas entre gregos e romanos antigos, já pudemos perceber um profundo e ininterrupto interesse pelo funcionamento e pela aplicação prática e artística da linguagem. Os gregos, por exemplo, não apenas criaram e desenvolveram elegantíssimos gêneros literários (teatro, poesia, prosa), mas também nos legaram precioso material crítico e teórico sobre as artes que produziram. Os romanos seguiram a esteira da criatividade helênica e, ao lado do grande mérito de transmitir os elementos daquela cultura, ainda os enriqueceram, aperfeiçoaram-nos e os difundiram. O resultado desse longo trajeto pode ser encontrado ainda hoje, nas artes modernas que dele se beneficiam. De fato, a métrica clássica, a prosa oratória, as observações a respeito da linguagem e suas aplicações, consubstanciadas nas prolíferas artes grammaticae que sucederam à Antiguidade e permearam o pensamento linguístico por mais de mil anos sucessivos, com grande alcance ainda hoje, são objetos irrevogáveis de estudo e pesquisas que incessantemente reelaboram as percepções da arte, da cultura e da língua(gem) ocidentais. Com este ST, esperamos reunir textos que explorem os itens aqui mencionados, dentro do contexto clássico, sem esquivar, no entanto, do diálogo com outras artes, linguagens e épocas. São bem-vindas, pois, apresentações que tematizem essas questões de metalinguagem antiga, em trabalhos finalizados ou em andamento, seja de pesquisadores independentes, seja de membros de grupos de pesquisa relacionados à presente proposta. Ao final, os organizadores deste ST congregarão os textos apresentados em um e-book que, acreditamos, dada a temática, seja inédito no Brasil.

POÉTICAS INDÍGENAS E QUESTÕES DE FRONTEIRA

COORDENADORES: Izabela Guimarães Guerra Leal e Fábio Almeida de Carvalho

RESUMO: Este simpósio tem como objetivo dar visibilidade às artes verbais indígenas que constituem uma matriz fundamental de nossa cultura. Grande parte dos mitos e cantos indígenas circula na forma de transcrições e traduções realizadas pelos próprios indígenas ou por antropólogos, poetas e linguistas, bem como na forma de recriações praticadas por escritores, como no caso de Macunaíma, o herói sem nenhum caráter (1928), de Mário de Andrade. Nesse sentido, a ideia de fronteira, pensada em sua amplitude, extrapola o domínio territorial e acolhe inúmeros desdobramentos, tais como os que tensionam os lugares estanques da oralidade e da escrita, do novo e do arcaico, do popular e do erudito. Atentar para o atravessamento dessas dicotomias é tarefa essencial para a construção de um mundo mais plural e diverso, no qual os saberes ancestrais desempenhariam um papel determinante para a compreensão do contemporâneo, como nos ensina Davi Kopenawa (2015). A ideia de fronteira permite buscar um entendimento a respeito da presença desses saberes ancestrais na dinamicidade da manutenção, ampliação e possíveis atualizações das culturas. É certo que a visibilidade que as produções indígenas vêm ganhando impacta de muitas formas o cenário literário e cultural brasileiro, mesmo em seus segmentos mais canônicos e formais, mas ainda é preciso investigar de que modo esses impactos repercutem, inclusive dentro da própria cultura indígena. Este simpósio acolhe trabalhos que reflitam acerca das inquietações propostas acima.

LITERATURA COMPARADA: AFRICANIDADES, LITERATURAS E MINORIAS SOCIAIS EM CONTEXTO

COORDENADORES: Rosidelma Pereira Fraga, Adriana Helena Albano e Verônica Prudente Costa

RESUMO: Este simpósio tem como norte discutir textos teóricos e literários em contextos de africanidades, literaturas e minorias sociais, bem como de literatura comparada, literatura e mitos africanos, indígenas e amazônicos, de forma a dialogar com os pesquisadores do grupo de pesquisa Africanidades, literaturas e minorias sociais da Universidade Federal de Roraima e de outras instituições dentro e fora do Brasil. Como eixo metodológico e epistemológico, pretende-se, entre outros aspectos, debater produções literárias considerando alguns recortes temáticos, a saber: negritude, mulheres e minorias sociais: um olhar dentro e fora do cânone. Sob a abordagem dialógica, o simpósio pretende dialogar com estudos temáticos de diversas formas de expressão da voz feminina nas literaturas de língua portuguesa literaturas de outros países, sobretudo dos PALOPS, inclusive literatura regional em diálogo com o cânone. Neste contexto, o recorte dos trabalhos pode ser de autoria feminina, sobre a temática feminina ou sobre múltiplas expressões do gênero envolvendo mulheres negras, indígenas, viajantes, migrantes, sulbaternas, militantes, dentre outros enfoques. Nesta perspectiva, o simpósio permite um diálogo interdisciplinar e/ou transdisciplinar desde que o foco principal seja africanidades, literatura comparada, literaturas indígenas e mitos amazônicos envolvendo a figura feminina em debate. Em síntese, o simpósio elege alguns objetivos imprescindíveis: problematizar as questões socioculturais que formam o universo feminino nas literaturas em contexto dialógico e de subalternidade; discutir aspectos sobre ancestralidades e suas diversas configurações nos estudos literários sobre a mulher.

LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS E EDUCAÇÃO DE SURDOS

COORDENADORES: Carlos Roberto Ludwig e Alexandre Melo de Sousa

RESUMO: O presente Simpósio Temático visa agregar propostas de pesquisa na área de linguística da Libras e Educação de surdos. Na área de análise linguística da Libras, propomos possibilidades de pesquisas teóricas e aplicadas em fonética, fonologia, morfologia, léxico, onomástica e toponímia da Libras, bem como estudos sobre sintaxe, semântica e pragmática, variação linguística da Libras. Na área de educação de surdos, pretendemos discutir e problematizar questões da educação de surdos e formação de professores e intérpretes para a educação bilíngue; políticas linguísticas e educacionais na educação de surdos. Nesse simpósio, pretendemos discutir e problematizar a educação de surdos, a valorização da língua brasileira de sinais, sua cultura e identidade sob a perspectiva bilíngue e decolonial. Além do mais, os estudos sobre a descrição e análise linguística da Libras são uma forma de registro e valorização da cultura e identidade surda local. Nesse sentido, esse simpósio pretende contribuir com discussões sobre a libras e a educação de surdos para uma inclusão social e educacional da comunidade surda.

COM-VERSAR LUGARES E SUJEITOS_ CARTOGRAFIAS ECOSSISTÊMICAS

COORDENADORES: Maria Luiza Cardinale Baptista e Luan Pazzini Mendonça

RESUMO: O Simpósio propõe-se a refletir sobre a transversalização entre lugares e sujeitos, a partir do levantamento de narrativas e investigações. O viés cartográfico sinaliza para a orientação ecossistêmica, complexa, rizomática, com o acionamento de potências de brotações narrativas e investigativas, nos mais diferentes universos existenciais. Tem inspiração em entrelaços caosmóticos entre a Amazônia e a Serra Gaúcha, com proposições de entrelaçamentos de outros sujeitos e lugares. Nossos vínculos e interesses são os floresceres dos sujeitos-mundo. As 'com-versações' correspondem à proposição transpoiética de produções narrativas, em sintonia com a Ontologia do Conversar, de Humberto Maturana; das Conversações de Gilles Deleuze e Feliz Guattari; além dos Círculos de Leitura de Paulo Freire. Na lógica holística e de visão ecossistêmica complexa, são importantes autores como Fritjof Capra, Roberto Crema, Boaventura de Sousa Santos, em entrelaçamento com saberes como os de Daniel Munduruku, Ailton Krenak e Kaká Werá Jecupé, assim como Marcelo Gleiser e Amancio Friaça. Trata-se de repensar as proposições cartográficas, a partir de uma lógica de teia-trama da vida. As narrativas põem em interface a Comunicação e a Literatura. Nesse caso, os sinalizadores referenciais correspondem ao Jornalismo Literário Avançado e suas potenciais contribuições para a captação mais sensível e a produção transversalizada entre sistemas de codificação múltipla. entre os diferentes linguageares de também múltiplos sujeitos e lugares.

A EXPANSÃO DA LITERATURA EM LÍNGUA DE SINAIS: INTERFACES COM A PERFORMANCE, A COMUNICAÇÃO E AS POÉTICAS CORPORAIS

COORDENADORES: Marília Fátima de Oliveira e Renata Ferreira da Silva

RESUMO: As comunidades surdas brasileiras, grupos historicamente oprimidos, vivenciam ascensão nas políticas educacionais. Resoluções legais como a oficialização da Língua Brasileira de Sinais, Libras (Lei 10.436/2002), a criação das graduações em Letras- Libras (Decreto 5.526/2005) e a recente definição da educação bilíngue para surdos como modalidade de ensino na LDB (Projeto de Lei 4.909/2020), entre outras ações relevantes que implicam em gradativas transformações sociais. Dentre tais mudanças, percebemos avanços nas produções, circulações e investigações sobre a Literatura Surda e/ou Literatura em Língua de Sinais. A partir disso, artistas surdos se valem tanto das mudanças políticas epistemológicas, como das mídias digitais para registrar e circular suas produções sinalizadas. Antes, num contexto tecnológico menos acessível, apenas alguns artistas surdos podiam explorar VHS e DVDs. Agora, muitos utilizam de plataformas virtuais como Facebook, YouTube e Instagram. As manifestações artísticas/culturais específicas da modalidade visual-motora própria das Línguas de Sinais se constroem para além dos sinais e apresentam elementos interartísticos de áreas como cinema, teatro, performances e poéticas, por exemplo. Assim, o Seminário Temático aqui proposto pretende abarcar pesquisas, investigações e produções de diferentes áreas do conhecimento que se debruçam sobre as manifestações Literárias e culturais em Língua de Sinais, discutindo de forma expandida as relações artísticas das comunidades surdas.

A REPRESENTAÇÃO DOS ANOS DE CHUMBO NA ARTE LITERÁRIA: DIÁLOGOS COM A HISTÓRIA E FRATURAS IDENTITÁRIAS

COORDENADORES: Luiz Eduardo Rodrigues Amaro e Maira Angélica Pandolfi

RESUMO: Este simpósio acolhe manifestações literárias latino-americanas, fundadas em uma história e um destino comum, duramente marcados pela colonização escravagista e pelos regimes ditatoriais. Toda a problemática histórica desse continente é refletida em sua produção artística, sobretudo narrativa, seja na modalidade romance ou conto. A tradição latino-americana do conto, que desponta a partir dos movimentos vanguardistas, como ilustram os escritos de Gutiérrez Nájera no México ou Horacio Quiroga no território rio-platense, além de Borges, Bioy Casares e Cortázar são prova disso. Já em países como a Bolívia, os fatos políticos da segunda metade do século XX deixam profundas marcas nos contos de Néstor Taboada Terán em Indios en rebelión. A violência surge por meio de figuras arquetípicas nas obras do grande prêmio Nobel, o colombiano Gabriel García Márquez, como observamos em seus contos na obra Los funerales de la Mamá Grande (1962). Na tradição do conto moderno, destacam-se escritoras como Mirta Yáñez, autora de La Habana es una ciudad bien grande (1961) e Todos los negros tomamos café (1976). A problemática social se encontra presente ainda nos contos de José Donoso, do hondurenho Víctor Cáceres Lara e do paraguaio Augusto Roa Bastos. Destacam-se bastante, nos dias atuais, grandes escritoras de contos históricos, como María Rosa Lojo com suas Historias ocultas en la Recoleta (2007) e Elena Garro, além das brasileiras Clarice Lispector e Nélida Piñón. O nosso pensamento está atrelado a uma história de escravidão, subserviência, medo e paranoia. Tais elementos aparecem nas narrativas, revelando a face do opressor. Posto isso, serão aceitos aqui trabalhos que ampliem o conceito de Historicidade e sua relação com a Literatura; demonstrem o modo como a Literatura dialoga com outros saberes; repensem os textos literários por abordagens identitárias e aprofundem as relações existentes entre escrita e leitura, tecendo interpretações contextuais.

DIGITALIDADES PARA APRENDIZAGEM

COORDENADORES: Queila Barbosa Lopes e Rodrigo Nascimento de Queiroz

RESUMO: A incursão tecnológica nas práticas sociais e discursivas mediadas pelas mudanças pós- globalizantes conduzem de maneira contínua (trans)mutações na educação. Em consonância com o panorama das (trans)mutações educacionais, o objetivo norteador do presente simpósio é ampliar o espaço para a constituição de diálogo com a diversas vozes advindas de educadores que testemunham as refrações da pós-globalização. Nesse sentido, o simpósio propõe estabelecer um espaço para transposição de práticas didáticas mediadas pelas ferramentas digitais, ao passo que intermedeiam experiências motivadoras para o ensino, aprendizagem e avaliação em diferentes áreas da educação. O escopo constituído por meio das experiências compartilhadas entre os educadores representa o universo das práticas de letramentos digitais nos contextos da sala de aula que denominam o título do presente simpósio "Digitalidades para aprendizagem". A perspectiva teórico-metodológica que guia o diálogo parte das seguintes proposições: (i) as práticas de letramentos digitais (BUZATO, 2006; 2009) na construção de agentes autônomos; (ii) a profusão multimodal de elementos e discursos semióticos (KRESS; VAN LEEUWEN, 2001; RIBEIRO, 2021) na produção de educadores e aprendizes face à mediação tecnológica e (iii) nas fronteiras sociais, políticos, culturais, educacionais e econômicos resididas no universo das práticas de letramentos digitais (DUDENEY; HOCKLY; PREGRUM, 2016). As experiências manifestadas nos contextos didático- pedagógicos mobilizadas por educadores e aprendizes em práticas de letramentos digitais possibilitarão o compartilhamento de digitalidades e aprendizagens. O conjunto dessas (trans)mutações demonstrarão histórias sobre possibilidades de ensinar, aprender e avaliar em qualquer tempo que estejamos imersos.

ORALIDADES, ESCRITAS E IDENTIDADES CULTURAIS INDÍGENAS

COORDENADORES: Ananda Machado e Lilian Castelo Branco de Lima

RESUMO: Pretendemos que este simpósio seja um espaço de diálogo entre pesquisadoras/pesquisadores das áreas das humanidades, que discutam sobre as temáticas "Memórias" e "Identidades", de forma individual ou inter-relacionadas, tanto em estudos sobre Literatura, como Linguística e Ensino de línguas e Literaturas (de uma forma abrangente), como aquelas/aqueles que discutam tais temáticas de forma interdisciplinar. Aqui pluralizamos tanto "Memórias" como "Identidades", pois temos a intenção de acolher as diversidades com que elas se apresentam nas muitas realidades e contextos observados pelas/pelos estudiosas/estudiosos. Assim como aqueles que analisem as marcas da oralidade e multimodalidade na autoria indígena. Análise dos aspectos estético-ideológicos e linguísticos de obras de escritoras e escritores indígenas brasileiros, em especial, para aqueles com foco para o diálogo entre literatura, memória e identidade étnico racial. Dessa forma, objetivamos dialogar com os discursos polifônicos (BAKHTIN, 1992, 1994) e ouvir os ecos e dissonâncias que esperamos encontrar nos trabalhos que se dediquem a discutir as referidas temáticas a partir de uma pluralidade teórico- metodológica, pois assim como entendemos memórias e identidades como plurais, compreendemos, da mesma forma, que elas podem ser investigadas e compreendidas também por diversos caleidoscópios epistemológicos. Ressaltando que esperamos receber propostas de comunicações que também visibilizem a multiculturalidade étnica de suas gentes e como essas diversidades podem ser percebidas e trabalhadas tanto no ensino de literatura, como de outras áreas do conhecimento através dos textos em muitas linguagens.

POÉTICA E NARRATIVAS INDÍGENAS NO CONTEXTO ESCOLAR

COORDENADORES: Áustria Rodrigues Brito e Marinete Moura da Silva Lobo

RESUMO: Nosso Simpósio Temático objetiva tratar sobre propostas didático-metodológica de se abordar o discurso das composições estético-literárias das textualidades indígenas na sala de aula, considerando que as poéticas e as narrativas são pouco utilizadas no contexto escolar e são ainda desconhecidas por grande parte de leitores na/da Amazônia. Entendemos que o contato com a literatura indígena nas séries iniciais e finais pode promover a formação de leitores críticos, capazes de compreender a diversidade linguística, social e cultural dos povos tradicionais. Desta forma, este simpósio traz uma contribuição para que os profissionais da educação possam refletir sobre a leitura e a necessidade de se valorizar a linguagem literária vinculada à tradição oral e multimodal. Finalmente, são tecidas considerações sobre a relevância da leitura da literatura indígena para conhecer, compreender e valorizar o outro e seu processo de identificação cultural. Nessa perspectiva, defendemos que a leitura e a oralidade são práticas que não podem estar desassociadas do contexto histórico- social do leitor- produtor, pois este interage na e pela linguagem em diferentes contextos situacionais. Para fomentar essas discussões nos pautamos em Munduruku ( 2009), Bauman ( 2001), Street (2006, 2014), Canclini ( 2007), Kleiman (1995), Hinton (2001), Thiél ( 2012) , Eagleton (2005).


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